Saber como regular a solda MIG MAG corretamente é uma prática que todo profissional da área deve conhecer para apresentar resultados mais eficientes em seus trabalhos. É muito importante o equilíbrio entre a experiência prática do soldador e seu conhecimento teórico sobre procedimentos. Isso inclui saber ajustar adequadamente uma máquina de solda.

Sendo assim, preparamos este post com algumas dicas práticas sobre o tema para você melhorar cada vez mais em suas atividades. Vamos conferir?

A quais pontos se deve dar atenção no ajuste do processo MIG-MAG?

São muitos os fatores considerados essenciais para se obter uma soldagem de qualidade. Entre eles, vale destacar insumos, equipamentos e boas práticas durante a atividade.

Além de saber ajustar a máquina de solda, é importante ter em mãos equipamentos, componentes e acessórios bem dimensionados para tal operação, além de insumos de primeira linha, em termos de qualidade.

Toda soldagem MIG MAG, seja semiautomática, seja mecanizada, seja automática, deve ser ajustada com base nos mesmos princípios. Confira, a seguir!

Energia de Soldagem

As principais variáveis do processo MIG MAG estão correlacionadas entre si. A equação que explica como a soldagem acontece é a da Energia de Soldagem:

ES = (ɳ × t × I) / Vs

ES = Energia de Soldagem (J/mm)

ɳ = Eficiência de processo (%)

t = Tensão de arco (V)

I = Intensidade de corrente (A)

Vs = Velocidade de Soldagem (mm/seg)

Tensão de Arco

A Tensão de Arco (ou voltagem) é a responsável pelo comprimento do arco elétrico. Assim, quanto maior a tensão, maior o comprimento do arco (variável diretamente proporcional à Energia de Soldagem).

Dessa forma, tensão excessivamente alta aumenta a largura do cordão consideravelmente, distribuindo mais o calor na superfície da chapa. Isso pode causar mordeduras e falta de penetração, principalmente, em chanfros muito estreitos. Por outro lado, tensão muito baixa pode causar cordão muito estreito, com sobreposição e falta de fusão.

Intensidade de Corrente

Outra variável importante é a Intensidade de Corrente (ou amperagem). Na prática, a corrente é a responsável pela penetração da solda. Quanto maior ela for, maior será a penetração do cordão de solda.

Com maior corrente, a velocidade de alimentação do arame será maior e, portanto, o volume de metal depositado também cresce, aumentando a convexidade do cordão. Quando há excesso de corrente, isso pode acarretar falhas, como sobreposição (ou overlap), criando regiões com cantos vivos, potencialmente propensas à concentração de tensões e trincas.

Os níveis mais altos de corrente levam a maiores quantidades de respingos, exceto no caso específico da transferência spray. Níveis muito baixos de corrente podem causar cordão côncavo.

Caso seja a opção do gás de proteção, uma mistura rica em argônio, a corrente e a tensão elevadas podem levar à mudança do tipo de transferência metálica, passando de curto-circuito a globular ou a spray. Esses fatores alteram completamente as características da soldagem, o acabamento, o nível de respingos, a penetração etc.

Velocidade de Soldagem

Além das variáveis diretamente proporcionais à Energia de Soldagem, existe a Velocidade de Soldagem (ou velocidade de deslocamento), que é inversamente proporcional à Energia de Soldagem. Ou seja, quanto maior for a Velocidade de Soldagem, menor será a quantidade de calor aplicada na peça por unidade de comprimento (J/mm).

Como ajustar a velocidade da solda MIG MAG?

Para um cálculo exclusivamente teórico, desprezamos a Eficiência de Processo (ɳ), cujo objetivo é aproximar o cálculo teórico do valor real obtido, dadas as perdas de energia típicas do processo. Corrente e tensão devem estar equilibradas, ajustadas para uma maior frequência de transferência de gotas.

Para cada bitola de arame, existe uma faixa ótima de corrente e tensão, cujos fabricantes procuram ajustar na curva de característica estática de cada equipamento.

A Energia de Soldagem, uma vez definida para determinado cordão, deve ser sempre tida como base para qualquer trabalho de ganho de velocidade, produtividade etc. Pode-se “brincar” com as variáveis (dentro de certos limites), ajustando a corrente, a tensão e a velocidade de soldagem para atingir o resultado esperado.

Exemplo: uma solda automática está aprovada (considerando características como penetração, acabamento e dimensional) e sua Energia, teoricamente calculada, foi de:

ES = ((20 V × 200 A) / 10 mm/s) => 400 J/mm

Pede-se que seja aumentada a sua velocidade em 10%. Para isso, ajusta-se o cálculo de Energia, com a Vs desejada (10% maior).

Sabendo-se que o resultado da Energia deve se manter em 400 J/mm, e que a velocidade deve ser 11 (10% maior do que 10), podemos ajustar os demais valores da equação:

ES = ( ? × ? ) / 11 => 400

ES = (21 × 210) / 11 => 400

Note que a tensão foi ajustada de 20 para 21 V, e a corrente foi de 200 para 210 A (proporcional, conforme cada variável).

Na prática, o soldador pode corrigir a tensão e a corrente conforme sua experiência, desde que sejam mantidos os 400 J/mm da Energia de Soldagem. Dessa forma, espera-se que a solda feita com velocidade de 11 mm/s seja realizada com a mesma qualidade que a de 10 mm/s.

Quais são os riscos da regulagem malfeita da solda MIG MAG?

A falta de controle da Energia de Soldagem e, em muitas situações, as variações dimensionais das peças antes da soldagem, são as principais responsáveis pelo grande número de retrabalhos e pela ineficiência na soldagem automática e mecanizada.

Na indústria automotiva, por exemplo, com a soldagem de peças em grandes volumes, com preparações feitas em processos de conformação a frio, é comum encontrar pequenas variações dimensionais que provocam descontinuidades na solda. O defeito conhecido como “solda vazada” é recorrente nessa situação, quando se trata de chapas finas.

Um controle das variações dimensionais, dentro dos limites de tolerância, e o controle da Energia de Soldagem são fundamentais para que seja possível a soldagem sem perfurar a peça. 

Que outro fator considerar para a melhoria na soldagem?

Além de conhecer a importância das variáveis elétricas ajustadas corretamente, alguns outros fatores contribuem muito para um processo de soldagem MIG MAG de alto desempenho. Confira!

Experiência

Grande aliada do profissional a experiência oferece ao soldador facilidade em ajustar de forma equilibrada ambas as variáveis (corrente e tensão), a ponto de ouvir o ruído da solda e saber dizer o que está faltando, se mais corrente ou mais tensão.

A prática também ajuda o especialista a ajustar a velocidade de soldagem durante a execução de um cordão, medida pela fluidez da poça de fusão, pelo aquecimento da chapa, pela largura do cordão, pelo volume de metal depositado etc.

Qualidade do arame

Qualquer que seja o grau de conhecimento e experiência do soldador, a qualidade do consumível interfere muito nos resultados. Um arame com bom controle de deformações e com características superficiais que facilitem a boa alimentabilidade será fundamental para fluir dentro do conduíte e chegar no bico de contato com velocidade constante, sem enrosco, sem travamentos e sem desperdícios.

Isso complementa o conjunto de aspectos importantes para regular a solda MIG MAG e realizar uma soldagem de qualidade. Essas foram algumas dicas para agregar mais qualidade e eficiência ao seu processo.

A Belgo Arames trabalha em prol de melhorias para que o seu processo de soldagem seja realmente de alta performance. Por isso, caso tenha qualquer dúvida ou precise de suporte sobre o tema, não deixe de conversar com um de nossos especialistas!