Produzir mais e melhor é o objetivo de qualquer linha industrial. No processo de soldagem não é diferente. Por isso, é importante saber como aumentar a produtividade, melhorar o desempenho na rotina de trabalho e fazer entregas cada vez mais qualificadas, ágeis e rentáveis.

Pensando nisso, trouxemos uma série de dicas que vão transformar o modo como são realizadas as operações de solda na sua equipe e levar o seu trabalho a um outro nível. Já pensou em fazer muito mais com menos esforço e sem perder qualidade? Então, fique esperto e venha conosco!

1. Otimize o tempo de soldagem

As características da soldagem, tal como a espessura da chapa e o tipo de chanfro, têm influência direta sobre a quantidade de metal que será depositado para unir as peças. Se você reduzir a área da secção transversal do chanfro, reduzirá também o volume de consumível necessário para efetuar a soldagem e, consequentemente, o tempo demandado para isso.

Por exemplo, se o projetista conseguir, dentro dos limites permitidos pelo projeto, reduzir o ângulo do chanfro V de 70º para 50º, conseguirá reduzir o consumo de metal depositado em 33%. Isso poderá aumentar a sua produtividade em aproximadamente 50%.

Em outras palavras, trata-se de aumentar a eficiência do processo, soldando a mesma peça em menor tempo e com menos consumível, garantindo uma solda de qualidade e sem desperdícios.

2. Otimize as Taxas de Deposição

Considere as espessuras dos metais de base a serem soldados e a faixa de corrente a ser utilizada, compatível com a capacidade e Fator de Trabalho1 dos equipamentos disponíveis (máquina de solda e tocha). Isso permitirá prever as bitolas possíveis de consumíveis, de acordo com as faixas de corrente indicadas pelos fabricantes.

Considere sempre trabalhar em níveis de corrente mais elevados (dentro do indicado para cada bitola, posição de soldagem e técnica operatória), afim de obter maior Taxa de Deposição2.

Comparativamente, para uma mesma bitola de arame, a corrente mais elevada corresponde, teoricamente, a uma maior Taxa de Deposição devido à maior Densidade de Corrente3.

1Fator de Trabalho (medido em %): Tempo de arco aberto (em seg) em relação a um período fixo de 10 minutos. Esse valor deve ser usado para dimensionar os equipamentos como Fonte de energia e Tocha, evitando danos por superaquecimento.

2Taxa de Deposição: É a quantidade de metal depositado em um período de tempo de arco aberto. Por exemplo: Kg/hora.

3Densidade de Corrente: Calculada pelo resultado da Intensidade de Corrente (em Amperes) dividida pela área da seção transversal do condutor (arame de solda), medida em mm². Quanto maior a Densidade de Corrente, maior tende a ser a Taxa de Deposição.

3. Aumente as velocidades da soldagem

Velocidade não é o mesmo que produtividade, mas, em geral, pode contribuir muito para ela. Porém, você precisará ter muita atenção ao aumentar as velocidades do processo de soldagem.

Primeiro de tudo, é importante compreender que, sim, fazer algo mais rápido vai permitir que você faça mais coisas em menos tempo. No entanto, isso não garante a qualidade das suas entregas e, para não perder tempo com retrabalho, atente aos detalhes.

Fazer mais rápido e deixar passar detalhes importantes não servirá de nada. A nossa dica aqui é que você aumente a velocidade da soldagem à medida que conseguir manter a qualidade da solda. Para isso, fique atento a algumas características importantes como penetração, dimensões do cordão de solda, mordeduras e acabamento.

Uma dica importante para aumentar a velocidade de soldagem de forma consciente é conhecer o conceito de Energia de Soldagem4 que, em outras palavras, significa otimizar os parâmetros corrente (A), tensão (V) e velocidade de soldagem (mm/seg). Uma vez conhecida a Energia de Soldagem (ES) ideal, pode-se “brincar” com maiores velocidades, ajustando os parâmetros e mantendo-se a mesma ES.

4Energia de Soldagem (Energia fornecida pelo arco à peça de soldagem ): É medida em J/mm, através da equação: corrente x tensão, divididos pela velocidade de soldagem, respectivamente: ES=(A x V)/(mm/seg). Para esta finalidade, o cálculo pode ser feito sem considerar a eficiência do processo.

4. Reduza o desperdício de materiais

O desperdício de materiais é um dos principais problemas de improdutividade na indústria. Isso porque o mau uso dos insumos e das matérias primas pode prejudicar consideravelmente a produção e, como é de se esperar, todo desperdício vem acompanhado de alto custo da produção.

O desperdício de hoje e o seu consequente custo elevado, pode se transformar na falta de competitividade da sua empresa e no seu desemprego amanhã. Pense nisso!

Dessa forma, pequenas atitudes, como a boa utilização dos insumos, podem elevar a sua produtividade e otimizar as suas entregas. Isso com certeza dará alguns pontos positivos a você, além, é claro, de qualificar consideravelmente o seu trabalho.

5. Evite paradas não programadas

Se engana quem pensa que só material físico é que pode ser desperdiçado. Na verdade, o tempo de trabalho gasto é um dos recursos mais valiosos no seu trabalho. Por isso, cada pausa não programada acaba sendo uma verdadeira perda de eficiência.

Essas pausas podem ser provocadas por inúmeras razões não planejadas, desde falta de matéria prima, falta de energia elétrica, manutenção, ajustes, etc.

Nossa sugestão é que você use estrategicamente momentos em que a produção não está programada (como horários fora do expediente, horários de almoço, etc) para planejar algumas intervenções de troca de bico, troca de guia do arame, troca ou manutenção de algum dispositivo, etc.

Mantendo todos os cuidados com o seu equipamento, seja com o uso adequado ou com a manutenção produtiva em dia, não haverá motivo para paradas não programadas. Alguns itens que devem estar no seu check list diário:

• sistema alimentador com a manutenção em dia (roldanas alinhadas e girando livremente);
• guia espiral limpo e cortado corretamente (encaixado no bico);
• bico e bocal bem fixados, limpos e lubrificados periodicamente com anti-respingo de solda;
• sistema de refrigeração da tocha com o nível de água e aditivo adequados;
• cabo obra e grampo terra bem dimensionados e fixados na bancada de soldagem;
• arame instalado corretamente e com freios ajustados para evitar embaraçamentos.

6. Otimize o tempo utilizado em atividades que agregam valor

Atividades que agregam valor ao produto final são aquelas em que se transforma a matéria prima em produto, são operações que alteram o estado físico da peça, operações que se pode ver o antes e depois, como, por exemplo, o tempo em que o soldador permanece com o arco aberto executando a soldagem. Geralmente estes tempos são mínimos dentro do tempo total em que a peça está sendo produzida.

As atividades que não agregam valor são aquelas em que se gasta algum tempo na preparação dos equipamentos, tempo de carga e descarga da máquina, movimentos de deslocamentos, etc. Entretanto, estas operações não modificam o estado físico da peça e o consumidor final não poderá valorizar aquele tempo gasto. Um exemplo é a distância que o soldador percorre para deslocar peças entre uma operação e outra. Se a distância for grande ou pequena faz muita diferença no tempo de produção, porém nenhuma diferença aos olhos do consumidor final.

Nesta otimização recomendada, busque reduzir ao máximo os tempos das atividades que não agregam valor.

Tudo isso tem uma forte influência sobre como aumentar a produtividade na solda. No entanto, você terá que experimentar diferentes medidas para identificar o que realmente funciona na sua linha de produção. Algumas sugestões são:

• redistribuir tarefas entre os soldadores;
• manter o local de trabalho organizado;
• aumentar a segurança da equipe de soldagem;
• adotar equipamentos mais tecnológicos;
• reavaliar constantemente os tempos de cada operação;
• estudar a otimização e o aumento da produtividade em soldagem (novos processos, misturas gasosas, bitolas de arames, acondicionamentos, tamanhos de embalagens);
• experimentar diferentes sequências de soldagem e os movimentos dos soldadores;
• mudar o layout das linhas de produção;
• investir em robotização.

A qualidade dos consumíveis utilizados nos processos de soldagem também influencia a produtividade na profissão. Isso porque um consumível de baixa qualidade apresenta mais falhas, paradas não programadas, retrabalhos e, consequentemente, menor eficiência.

Por isso, é importantíssimo dedicar tempo para a escolha dos melhores fornecedores e das marcas mais confiáveis. Afinal de contas, uma escolha errada, feita apenas considerando o preço do consumível, pode representar uma enorme perda na sua produtividade, sem falar na dor de cabeça com retrabalhos e outros custos da não qualidade.

Agora que você já sabe como aumentar a produtividade na solda, conte para a gente quais são os truques adotados no dia a dia que melhoram o seu desempenho. Deixe um comentário!