Os efeitos da retração do concreto são duradouros e geram custos de manutenção. A partir da visão de um especialista no assunto, aqui você entenderá como se prevenir dos principais tipos de retração, suas origens e todos os cuidados para evitar que essa propriedade traga danos a uma obra.
Uma das principais responsabilidades dos profissionais de engenharia durante a obra é garantir a durabilidade e a confiabilidade da estrutura. Isso significa conhecer o comportamento dos materiais, as melhores técnicas de construção e priorizar a qualidade do trabalho.
Hoje, vamos abordar sobre uma propriedade do concreto que muito influencia a execução de um piso industrial: a retração. Com ajuda do CEO da Chimica Edile Group, Riccardo Vannetti, demonstramos, neste artigo, o que é essa propriedade, como ela ocorre e o que você pode fazer para controlá-la. Aproveite as informações e boa leitura!
O que é retração do concreto?
Podemos definir a retração de qualquer composto cimentício, como a diminuição do seu volume em consequência da perda de água contida em seu interior. É um processo geralmente natural, lento e gradual, mas que pode se agravar na medida em que o tempo passa sem qualquer medida de correção.
Enquanto a desidratação é o motivo central que envolve a retração, Riccardo reforça que o problema pode ter outras origens: “fatores químicos (tipo e quantidade de cimento), condições climáticas, volume do concreto (variação volumétrica) ou até a maneira como o concreto foi traçado (tipo e granulometria do agregado, quantidade de água em relação a massa de cimento ou fator água/cimento)”.
As patologias visíveis de um concreto em retração
No contexto de obras de pisos industriais, a retração é um problema geral, que pode se manifestar de várias formas: algumas impactam negativamente a estética, enquanto outras, mais sérias, podem comprometer toda uma estrutura. Veja uma lista de patologias decorrentes desse processo de degradação:
- micro e macro fissuração;
- exposição maior à agressão climática em um composto cimentício;
- variação dimensional elevada;
- empenamento de placa;
- abertura de juntas muito grandes.
Segundo o próprio Riccardo Vannetti, “tudo isso afeta a durabilidade do concreto, podendo impulsionar elevado em custo de manutenção.”
Como o processo de retração ocorre?
A retração do concreto é um processo que ocorre naturalmente. Ela pode surgir na hidratação do cimento, na fase plástica do concreto ou durante o seu endurecimento.
Mas, como várias outras ocorrências na construção civil, o uso de material inadequado e uma manipulação equivocada, além da desatenção do engenheiro, são fatores que podem incentivar a aceleração das manifestações patológicas que são processos degradantes. Veja alguns fatores que agravam o problema, listados pelo CEO da Chimica Edile Group:
- tipo e quantidade de cimento;
- curva e tipo de agregado não idôneo;
- elevada quantidade de água com fator água/cimento acima de 0,6%;
- fator climático muito agressivo quanto a evaporação (elevadas temperaturas, exposição a ventos);
- falha na cura úmida ou química;
- volume/massa do composto em relação à superfície;
- variação térmica elevada;
- deficiência de detalhes em projetos executivos.
Quando a retração é considerada tolerável?
Não existe um valor fixo para a taxa tolerável de retração do concreto. Portanto, o engenheiro precisa buscar informações sobre os níveis que se encaixam na sua obra — região, natureza do empreendimento, concreto utilizado, tensão prevista e outros cálculos do projetista.
Para dar uma ideia, podemos usar mais uma dica do Riccardo:
“Podemos considerar um valor natural de retração do concreto em torno de 500 mícron/metro e, se não se atua com a devida precaução, o concreto fica sujeito à patologia causada pela retração.
Por isso, um concreto entre 100 e 500 mícron/metro é considerado de baixa retração, com menor risco de patologia. Um concreto acima de 500 mícron/metro é considerado de alta retração, com forte risco de relativa patologia.”.
Quais são os principais tipos de retração e como se prevenir?
Existem 4 tipos de retração mais comuns para o concreto. É importante que o engenheiro conheça as suas causas para prever todos os cenários possíveis de degradação e se preparar de acordo. Veja:
Retração plástica
Ocorre nas primeiras horas de vida do concreto, com perda de água decorrente da exsudação. É caracterizada por microfissuras, os “pés-de-galinha”.
O fator principal dessa retração é a exposição da sua superfície a condições não ideais de clima (vento forte, baixa umidade relativa do ar e temperatura elevada).
Portanto, o engenheiro deve tentar minimizar ou eliminar esses atores, protegendo a área da incidência direta de luz solar e investindo em aditivos específicos e macrofibras para lidar com esses problemas, por exemplo.
Retração hidráulica ou por secagem
Essa retração é bem similar à retração plástica, embora ocorra quando o concreto já se encontra endurecido. Trata-se do processo mais comum e a que mais afeta o concreto.
Ela pode ser identificada por variações fortes na estrutura e grandes aberturas de juntas, além de macro e microfissuras. A retração hidráulica pode levar, inclusive, ao empenamento do piso.
Para evitá-la, é preciso, além de proteger o cimento, adequar suas técnicas, focando na durabilidade da estrutura. Essa retração, segundo Riccardo Vannetti, pode ser eliminada ou minimizada com:
- adequado traço e material que o compõem;
- baixo fator água/cimento;
- adição de aditivo compensador de retração;
- reforço com fibra de aço, tela soldada, vergalhão e macrofibra sintética;
- adequado desenho e cálculo estrutural do projeto.
Retração química ou autógena
Esse tipo de retração é perigoso por ser invisível em muitos casos. Como Riccardo explica, essa retração “ocorre devido à redução de volume desde o início da hidratação, pois os produtos gerados nesse processo apresentam volume menor que os materiais que deram origem à reação. Esse fenômeno acontece durante a fase de pega do cimento-concreto”.
A retração química é independente de fatores climáticos e caracterizada por microfissuras internas que aumentam o espaço vazio na estrutura e aceleram a sua degradação.
Nesse caso, o maior cuidado deve ser de sempre adicionar ao composto um aditivo compensador específico.
Retração térmica
A retração térmica é a variação dimensional que ocorre com o cimento já endurecido, sujeita à variação climática natural ou induzida (tipo câmara fria). Esse tipo de retração não depende muito do composto cimentício, mas de fatores externos.
Ela pode ser identificada por fissuração nas primeiras horas do concreto, forte abertura de juntas e empenamento de placa em piso industrial. Para lidar com esse problema, o engenheiro precisa de um planejamento adequado, que envolva:
- cálculo e desenho do projeto;
- estrutura específica e execução adequada;
- adição de um aditivo compensador de retração;
- aditivo e composto refrigerante para diminuir o calor de hidratação do concreto.
Quais são os cuidados extras para se prevenir de uma retração do concreto?
A consequência de uma forte retração é irreversível. Por isso, é responsabilidade do engenheiro prever as manifestações patológicas decorrentes dos efeitos da retração ainda na fase de projeto e tomar medidas que aumentem a qualidade do resultado final e a durabilidade da estrutura.
Sabendo disso, independentemente do tamanho ou natureza da obra, Riccardo lista alguns cuidados gerais para não ter danos causados por retração na obra:
- ter sempre um projeto bem dimensionado;
- ensaiar a retração do concreto para fazer ajustes na fase de projeto ou durante a preparação do traço;
- executar adequadamente o composto;
- fazer cura adequada;
- considerar a situação climática da obra.
Como a tecnologia ajuda a evitar a retração e garantir a qualidade do piso industrial?
Os efeitos da retração do concreto se manifestam muito no setor de construção industrial, cujo mercado é bem voltado par a construção de pisos, placas e pavimentos. Portanto, para evitar danos como fissuração e aberturas nas juntas, é necessário realizar uma paginação eficiente e bem planejada, verificando a relação das dimensões das placas.
Para Ricardo Vannetti, o investimento tecnológico com bom custo-benefício para a obra envolve a adição no traço do concreto (com característica específica para piso), fibras de aço de alta performance (com dosagem pré estabelecida no projeto) e aproximadamente 10 kg/m³ de compensador de retração à base de óxido de cálcio super calcinado.
Isso permite executar o piso com maior durabilidade, racionalizando juntas (que apresentam custo alto de manutenção), minimizando fissuras e empenamentos de placa.
Seguindo essas dicas, fica prático garantir a qualidade da sua obra e eliminar preocupações como as patologias caudadas pela retração do concreto. É hora de se debruçar sobre os próximos projetos e garantir obras incríveis por muito tempo!
Gostou das dicas? Então, siga-nos nas redes sociais. Estamos no Facebook, Linkedin, Twitter, Google+ e Youtube.