Rolo de cordoalha de aço
Belgo Arames
Publicado por: Belgo Arames
Veja as mudanças na ABNT NBR 7483:2020 para cordoalhas de aço

A ABNT NBR 7483:2020,que traz especificações em relação às cordoalhas de aço para estruturas de concreto protendido, foi atualizada recentemente. Mas, afinal, quais as principais mudanças na norma? Por que essas alterações são importantes? De quais formas elas alteram a rotina de quem atua na área?

Para responder a essas e outras questões ligadas ao tema, conversamos com Warley Ricardo dos Santos, que é engenheiro e atua na Belgo Arames Arames — referência na fabricação de arames no mercado brasileiro. Acompanhe!

Quais são as principais mudanças na ABNT NBR 7483:2020?

A ABNT NBR 7483:2020 tem o objetivo de revisar a norma ABNT NBR 7483:2008. Antes do “upgrade”, os padrões nacional e internacional abrangiam cordoalhas com resistência de até 190 kgf/mm². Contudo, com a atualização, haverá a possibilidade de desenvolver cordoalhas com até 240 kgf/mm² e baixa relaxação.

Outra mudança relevante é a normatização das cordoalhas engraxadas, também conhecidas como cordoalhas não aderentes ou cordoalhas plastificadas. Até a edição de 2008, a norma não previa especificações técnicas para a produção desse tipo de produto. Com a revisão, a ABNT NBR 7483:2020 possibilitou a inclusão de todas as especificações necessárias para normatizar a fabricação dessa categoria de material.

Vale lembrar que o aço é um material que não combina com a água e com o ar — na presença desses elementos, ocorre a oxidação, processo que reduz a vida útil do material. Nesse sentido, grandes estruturas podem representar maiores riscos. Portanto, a adoção de produtos normatizados é fundamental para a boa durabilidade do sistema estrutural.

A atualização da norma ainda definiu o que realmente pode ser utilizado para a proteção do material ao longo dos anos. Com isso, contribui para a produção nacional, conforme a normatização, garantindo a alta qualidade e performance da estrutura.

Por que essas mudanças aconteceram?

De acordo com Warley, a atualização aconteceu, depois de 12 anos, em virtude da chegada de novas tecnologias na construção civil — as possibilidades de desenvolvimento de produtos com maiores resistências exemplificam isso muito bem.

Segundo o especialista, as novas técnicas viabilizam materiais diferentes, que podem levar a um ganho significativo de performance e redução de custo. Porém, de pouco adianta alcançar esse avanço quando ainda não há uma norma capaz de regulamentá-lo. Afinal, a ausência de normatização implica na falta de garantia para utilizar o material.

Dessa forma, a normatização pelo órgão competente — no caso do Brasil, a ABNT — é o primeiro e mais importante passo. Se ela não ocorrer de maneira adequada, o projetista não tem uma diretriz para embasar suas escolhas e tomar a melhor decisão possível. O encalço proporcionado por uma norma oficial permite, então, especificar os projetos com toda a segurança.

Além disso, vale destacar que o mercado já estava consumindo cordoalhas engraxadas e plastificadas, embora não houvesse especificações do produto. Na maioria das vezes, os calculistas usavam as normas internacionais como base. Contudo, Warley aponta que essa não era a saída ideal, porque a norma de outros países não necessariamente condiz com as particularidades do setor interno.

Então, diante da latente necessidade de ter uma norma nacional, ABNT NBR 7483:2020. E por mais que ela levasse em conta as diretrizes internacionais, desenvolveu uma especificação adequada ao que é produzido no Brasil.

Como a ABNT NBR 7483:2020 impacta o cotidiano dos profissionais envolvidos?

De maneira prática, o que muda para os engenheiros é que eles começam a ter garantias de que o produto que será aplicado em seus projetos atende a uma legislação elaborada pelo órgão responsável. Em suma, a norma tem um funcionamento semelhante ao de uma lei.

Os fabricantes, por sua vez, com a normatização do produto, são obrigados a seguir a especificação estipulada. Isso porque ela já foi testada e constatou-se que sua correta aplicação garante qualidade e vida útil para determinada estrutura, gerando confiabilidade ao material.

Warley relata que, não à toa, o incentivo à revisão normativa partiu justamente dos calculistas, que especificam os materiais. Ao argumentar com a área comercial das fornecedoras, eles sentiam falta de uma especificação técnica brasileira, a fim de tornar o processo ainda mais seguro.

Ademais, os consumidores finais e os engenheiros também são beneficiados — todas as partes envolvidas na cadeia ficam mais resguardadas quando há uma norma oficial dando vazão ao desenvolvimento dos materiais.

De quais formas a ABNT NBR 7483:2020 influencia o setor?

Com a atualização, a norma se tornou muito abrangente e passou a compreender todas as necessidades técnicas em relação aos materiais — até mesmo produtos que ainda não são fabricados já foram especificados.

A indústria nacional ainda não tem condições de fabricar cordoalhas com resistência de 240 kgf/mm², por exemplo. Apesar disso, é imprescindível deixar aberta a possibilidade para que novos limites sejam alcançados. Afinal, quando a normatização está posta, avança também a pesquisa para criar novos materiais e apresentá-los em poucos anos ao mercado.

Se no passado a cordoalha engraxada era produzida no Brasil mesmo sem uma norma brasileira, o cenário foi invertido. Diante de especificações para produtos que não estão prontos, é possível desenvolver materiais com a tranquilidade de que eles já estão especificados e poderão ser usados pelos projetistas.

Portanto, podemos afirmar que a especificação da cordoalha engraxada na norma brasileira foi uma grande conquista para o setor, viabilizando oportunidades e tornando mais seguro o dia a dia de várias pessoas.

Como você pôde perceber, a ABNT NBR 7483:2020 – Cordoalhas de aço para estruturas de concreto protendido é um importante marco para o contexto nacional de construção civil. Além de necessária, ela também é um passo em direção ao futuro do setor, que deve ser cada vez mais voltado à segurança, à eficiência e à produtividade.

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