A integração entre o projeto arquitetônico e estrutural é importante para o aproveitamento de espaço, inclusive, em relação aos espaços de garagem.
Muitas vezes, os processos de construção civil não têm um aproveitamento adequado dos projetos criados, gerando desperdícios, falhas estruturais e perda de eficiência nas rotinas e nos espaços finalizados. Para evitar esses problemas, que geram dores de cabeça e desafios para engenheiros civis, uma boa solução é a integração do projeto arquitetônico e estrutural da construção.
Isso, por sinal, vem ao encontro a uma tendência do mercado de engenharia de se aproveitar cada centímetro que uma construção pode oferecer nos meios residencial, comercial ou industrial.
Nas garagens, por exemplo, o plano arquitetônico estima a distribuição de vagas e a modulação de pilares de forma balanceada, enquanto o projeto estrutural estipula a adequação das vigas às necessidades da edificação.
Esses são apenas alguns benefícios dessa integração. Para ver os demais e, sobretudo, entender a importância desse processo, continue lendo!
Como é feita a integração dos projetos arquitetônicos e estruturais?
Existem várias formas dessa integração ser aplicada em estacionamentos e nas vagas de garagens com base nos diferentes elementos estruturais e arquitetônicos que a compõem.
O engenheiro Cícero Felipe Bezerra explica que, para começar, deve haver planejamento do setor de projetos da construtora. “Ele precisa se organizar com um cronograma de entregas e fazer o gerenciamento da entrega do projeto estrutural e do projeto arquitetônico”, destaca o engenheiro.
Primeiro, se faz um projeto arquitetônico e, em seguida, passa-se ao projeto estrutural. “Suponhamos que o engenheiro estrutural faça 3 opções de modelo estrutural”, comenta Cícero. “Depois, o processo volta para o arquiteto com o pessoal de gerenciamento de projetos e eles estudarão qual é a melhor opção”, explica ele.
Nessa situação, há uma integração entre o projetista estrutural e o arquiteto. Para tornar mais simples, vamos a um exemplo específico de um procedimento que pode ser otimizado:
“No caso de lajes maciças, apoiadas diretamente nos pilares, há um problema de punção. Não é ideal ter furos para tubos de queda próximos dos pilares porque aquela região precisará de cessão de concreto”, argumenta Cícero. “Os projetos costumam colocar perto dos pilares e isso não é ideal. Essa é uma região bem crítica, porque já está sendo apoiada diretamente no pilar”, explica.
A resposta para isso é compatibilizar projetos antes da execução a fim de evitar erros, como quando o executor toma medidas sem consultar o projetista e, por causa disso, gera problemas estruturais.
“Relacionado à compatibilização dos projetos arquitetônico e estrutural nas vagas de garagem, hoje em dia, há muita utilização de laje de transição, dependendo do tipo de estrutura que se utilizará, como as convencionais (concreto armado), que não possibilitam o uso de grandes vãos, será necessário adotar mais pilares”, ressalta ele.
Devido a isso, haverá uma quantidade maior de pilares, incluindo um possível no meio do estacionamento que não poderá ser deslocado porque não há outra solução.
Nesse caso, “costuma-se adotar laje de transição para receber pilares e, assim, ter outro layout deles que será compatível com a garagem, todavia, isso faz com que o custo da estrutura suba muito”, explica o engenheiro.
Cícero aponta uma alternativa para essa situação: “o ideal é usar lajes planas, tentando fazer com que pilares sigam até o final da estrutura, embora nem toda estrutura possa empregar essa solução, mas quanto menor a quantidade de pilares, menor a incompatibilidade”, ressalta ele.
Quais são os principais benefícios dessa integração?
Diminuição de erros estruturais
“Com a compatibilização bem elaborada, você evitará erros porque foi tudo planejado”, comenta o engenheiro. Além do mais, um problema de execução pode acarretar falhas estruturais, como ao não prever um furo em uma viga (em que passará uma tubulação) e o executor abrir um buraco inadequado.
Redução de retrabalho
“Hoje em dia, acontece muito retrabalho”, menciona o engenheiro. Isso gera perda de tempo com as atividades já realizadas, mas que devem ser refeitas. Para ele, o ideal é que o projeto de integração seja definido antes da execução, para que a obra decorra “com maestria”.
“Muitas vezes, o projetista (estrutural) já entregou o projeto e, no meio dele, podem ser identificadas questões que não poderão ser feitas”, explica Cícero. “A integração evitará retrabalho para esse profissional e, assim, sua hora de trabalho será mais valorizada.
Isso porque, com retrabalho, você perde tempo e deixa de desenvolver outros projetos, o que faz com que a hora de trabalho perca valor”, destaca.
Prevenção de impactos negativos na imagem da construtora
Cícero menciona outro exemplo: “em relação a vigas, imagine algumas que sofrem deformação. Nesse caso, será preciso fazer reforço estrutural e trabalhar com perfis metálicos, o que também gerará retrabalho”.
Há perfis metálicos e adesivos estruturais que podem ser aplicados nas lajes e nas vigas para reforçarem esses elementos, porém tal ação gera mais custos.
Isso sem falar nos graves danos à reputação da construtora quando esses problemas nas vigas, caso não sejam corrigidos, aparecerem após a ocupação do empreendimento.
Menos custos e celeridade
Existem determinadas tarefas na execução estrutural que são gargalos para outras, de modo que ao surgirem dificuldades nelas, aumentam-se os custos e os desperdícios na obra.
Portanto, é essencial planejar bem como elas serão executadas e quais os recursos utilizados, além de fazer questionamentos sobre possíveis soluções para os desafios do projeto. Cícero dá um exemplo: “o que é ideal? Trabalhar com barras de aço ou com armaduras pronto da Belgo?”, indaga ele.
“Com barras, deverá haver um ferreiro para cortá-las, gerando perdas e desperdícios de ferro, no entanto, quando não há desperdício de ferro, você diminui custos”, explica o engenheiro.
Quando se conta com esse tipo de tecnologia nos projetos compatibilizados, com a maioria dos produtos pré-fabricados, têm-se menor incidência de erros e uma série de vantagens para a construção civil. “Acaba diminuindo o custo da obra e o prazo da execução, você ganha celeridade”, ressalta ele.
Maior sustentabilidade
Ao diminuir o desperdício, reforça-se o aspecto positivo da preservação do meio ambiente e a da sustentabilidade, de modo que o projeto se torna mais sustentável.
De que maneira a integração impacta na estruturação e no aproveitamento espacial das construções?
A integração entre arquitetura e estrutura possibilita resultados melhores no aproveitamento de espaços nas garagens. A coordenação modular, por exemplo, pode ocasionar uma quantidade maior de vagas proporcionalmente à área da garagem.
Para isso, é importante haver um trabalho conjunto entre o arquiteto e o engenheiro, no intuito de realizar um cálculo estrutural e uma formatação arquitetônica que sejam compatíveis e harmônicos. Esse processo pode não só otimizar os perímetros das vagas, mas também gerar maior conforto.
Cícero ressalta que “é importante ter uma compatibilização de todos os projetos não estruturais (de incêndio, hidráulico, elétrico), para que não haja problemas na execução”. Esses problemas, inclusive, podem reduzir a área das vagas, gerando perdas espaciais.
O exemplo citado no começo do texto — sobre o uso de lajes de transição em estruturas de concreto armado ou convencionais — pode acarretar a necessidade de mais pilares no estacionamento, gerando a perda de espaço para as vagas. Com uma boa integração desde o início, embasada em um bom planejamento dos recursos e dos procedimentos a serem adotados na obra, isso pode ser evitado.
Além do aproveitamento de espaço, a integração do projeto arquitetônico e estrutural otimiza a realização de processos na construção. Também é possível garantir uma maior flexibilidade de layout das vagas quando essa união é feita desde o começo.
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