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Belgo Arames
Publicado por: Belgo Arames
Boas práticas para vacinação de bovinos

O produtor rural brasileiro já sabe quais são os três pilares que sustentam o êxito da sua produção: bem-estar, nutrição e saúde animal. E quando se trata de manter o status sanitário da fazenda, a vacinação de bovinos é a primeira coisa que vem à cabeça, não é mesmo?

Contudo, não basta apenas seguir rigorosamente o calendário das vacinas. É preciso seguir algumas boas práticas durante o procedimento para que os resultados sejam efetivos e o pecuarista consiga evitar prejuízos.

Por isso, confira abaixo os cuidados que você deve ter para minimizar os fatores que comumente levam a erros no processo de imunização de bovinos. Acompanhe!

Faça um planejamento

O bom planejamento da vacinação de bovinos começa com a definição do responsável pela organização do procedimento. Esse gestor deve estabelecer o calendário de imunização da fazenda — levando em consideração quais animais serão vacinados, quais vacinas serão administradas, a data da aplicação, o local em que serão realizadas, quem as aplicará e como o processo será feito (definindo as práticas de manejo).

O calendário de vacinação é específico para cada propriedade, pois todos os anos devem ser consideradas as seguintes questões:

  • manifestação de doenças na propriedade;
  • relatos de casos de enfermidade na região;
  • informativos sobre diagnósticos e prevalência de doenças contagiosas disponibilizados pelos órgãos oficiais de vigilância sanitária e por instituições de pesquisa e ensino;
  • datas mais convenientes para a aplicação de cada uma (tanto do ponto de vista imunológico quanto climático, uma vez que dias chuvosos dificultam a realização de um bom manejo).

Algumas vacinas são obrigatórias em todo o território nacional, como as vacinas contra a brucelose (apenas fêmeas com 3 a 8 meses de idade), a febre aftosa (todos os anos, o calendário é divulgado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA), e a raiva (nos casos de ocorrência de focos da doença).

Além dessas, o produtor também deve verificar a necessidade de aplicar outras vacinas para proteger o rebanho contra determinadas doenças. Ainda, o responsável deve tomar as providências para ter instalações e equipamentos adequados, fazer a aquisição das vacinas, treinar a equipe e oferecer as condições propícias para o bom desempenho dos procedimentos.

Cabe lembrar que é importante evitar o acúmulo de atividades na época da vacinação de bovinos, para que os trabalhos sejam executados com calma, atenção e eficiência.

Verifique a qualidade da vacina

Há diversas vacinas disponíveis no mercado. Por isso, o pecuarista deve estar atento se os produtos atendem as necessidades do programa sanitário estabelecido anteriormente. Deve-se adquirir vacinas de fornecedores idôneos, que sejam aprovadas pelo MAPA e disponibilizadas por lojas registradas.

É fundamental exigir a nota fiscal e verificar os rótulos dos frascos para ter o controle do número do lote, da data de fabricação e do prazo de validade. Também é providencial adquirir as vacinas em quantidades compatíveis com o número de animais que serão imunizados, para evitar desperdício de recursos.

Preze pela conservação das vacinas

Depois de adquiridas, as vacinas devem ser bem conservadas para que sejam efetivas. É crucial que a cadeia de frio seja mantida desde a sua produção, passando pelo armazenamento e chegando ao produtor.

A temperatura ideal de acondicionamento é entre 2°C e 8°C. As vacinas devem ser conservadas em geladeira até o seu uso e permanecer em uma caixa térmica com gelo (na proporção de três partes para cada parte do produto), durante o transporte e no dia da imunização.

Cuide para manter a temperatura recomendada, evitando o aquecimento, bem como o congelamento do produto. Caso os frascos congelem, devem ser descartados. Uma vez bem preservadas na temperatura correta, as vacinas podem ser armazenadas até o prazo de validade determinado pelo fabricante.

Adéque o local para a vacinação de bovinos

A infraestrutura da fazenda deve estar devidamente adequada para que a equipe proceda com a imunização. Isso significa que o brete deve permitir que os animais se movimentem, bem como contê-los. O local deve estar limpo, seco e dispor de características que permitam o alcance ao pescoço dos animais — garantindo a segurança do rebanho e dos trabalhadores.

O manejo dos animais deve receber muita atenção, pois o estresse gera uma resposta metabólica que pode levar à redução da resposta imunológica às vacinas. Sendo assim, os animais devem ser conduzidos com tranquilidade pelo brete, o mais silenciosamente possível.

O trabalho feito com calma evita que os animais se assustem, se virem, caiam e se machuquem ao longo do trajeto. O manejo realizado sem pressa melhora consideravelmente a resposta do rebanho à vacinação, além de evitar abortos e traumatismos, que geram prejuízos ao produtor.

Cabe ressaltar que as propriedades que têm um grande rebanho devem definir previamente quantos animais serão imunizados por período de trabalho. Isso é importante, pois evita que eles fiquem muito tempo no curral, além de possibilitar o andamento de outras atividades na fazenda.

Dessa forma, cuide, então, para que os bovinos não permaneçam muito tempo presos e, logo após a vacinação, que tenham livre acesso à água e ao alimento.

Selecione os equipamentos e os esterilize

As seringas e as agulhas devem ser selecionadas de acordo com as orientações de tamanho e calibração do fabricante, além de serem devidamente esterilizadas. Para cada vacina há um tipo mais adequado de agulha.

De forma geral, as injeções intramusculares exigem agulhas mais longas, pois são mais profundas. Da mesma forma, quanto maior for a viscosidade da vacina, maior deve ser o calibre da agulha. Alguns cuidados em relação ao uso desses materiais são:

  • esterilizá-las em água fervente por 15 minutos;
  • acondicioná-las em caixas limpas de metal ou plástico;
  • trocar a agulha a cada 10 animais (substituindo por outra já esterilizada);
  • descartar as agulhas apropriadamente, identificando o material como contaminado (ou esterilizá-las imediatamente);
  • ter uma agulha exclusiva para retirar a vacina do frasco (evitando a contaminação da ampola);
  • descartá-las quando vencidas.

Além disso, as pistolas devem ser calibradas com frequência, garantindo o volume correto de vacina para cada animal. Isso evita que alguns recebam uma dosagem menor e não sejam devidamente imunizados, bem como evita gastos desnecessários com excesso de medicação.

Proceda à aplicação correta

Existem duas formas de proceder à vacinação de bovinos. Veja a seguir.

Subcutânea

É mais indicada para vacinas e vermífugos. O melhor local para aplicá-las é na tábua do pescoço ou atrás da paleta que, com uma puxada, a pele solta facilmente. Dobre e puxe a pele do animal e introduza a agulha em sentido oblíquo, de cima para baixo, paralelamente ao corpo do bovino.

Cuide para não ocasionar lesões por falta de higiene ou falha na aplicação, pois elas são a porta de entrada para diversas infecções.

Intramuscular

Devem ser aplicadas no músculo da tábua do pescoço (e não na musculatura da garupa). As vacinas mal aplicadas podem levar a perdas de carcaça por abcessos e hematomas. Se for necessário aplicar na garupa, evite regiões próximas à espinha dorsal para não lesionar o nervo ciático.

Introduza a agulha em 4 ou 5 cm de profundidade, com um golpe rápido e firme, perpendicularmente ao pescoço. Se você estiver usando uma seringa plástica, puxe o êmbolo da seringa antes de injetar o conteúdo da vacina para se certificar que não atingiu um vaso sanguíneo. Caso haja sangue na seringa, retire a agulha e introduza em outro local ou outra direção.

Atente para o período pós-vacinal

Após as atividades de vacinação, os bovinos devem ser calmamente conduzidos ao local que costumam permanecer. Preze um manejo que cause o menor estresse possível aos animais, para prevenir uma queda na resposta imunológica do gado recém-vacinado. Procure disponibilizar um lugar com conforto térmico (sombra), boa alimentação e água à vontade.

Lembre-se sempre de esterilizar o material utilizado, conservando-o em local limpo e seco, ou descartá-lo adequadamente, visto que correspondem a material biológico contaminante.

Destacamos que as vacinas não devem ser combinadas, a menos que essa seja a recomendação do fabricante. Por outro lado, diferentes vacinas podem ser administradas no mesmo dia para agilizar o manejo, mas jamais aplicadas com a mesma seringa ou pistola. Para saber de mais detalhes, consulte o material da Embrapa.

Como você pôde notar, a vacinação de bovinos é uma atividade simples, mas que requer cuidados na aplicação. Quando realizada seguindo essas boas práticas, a vacinação é a principal ferramenta do produtor para manter o status sanitário da sua propriedade e, consequentemente, a produtividade do rebanho.

Como mencionamos no início do artigo, a nutrição dos animais é uma das premissas para o sucesso da atividade pecuária. Por isso, saiba, agora, como utilizar a ureia na alimentação de bovinos em períodos de seca!

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