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Belgo Arames
Publicado por: Belgo Arames
Tipos de capim: qual é o melhor para gados de corte e leiteiro?

Quem possui experiência e conhecimento prático no campo compreende que o êxito na pecuária de corte está diretamente vinculado à alimentação dos bovinos. É essencial que a dieta dos animais englobe uma combinação adequada de fibras e proteínas para garantir um ciclo produtivo eficiente e a obtenção de carne com as características desejadas pelo mercado consumidor.

Por isso, a seleção dos tipos de capim para o gado deve ser feita com cuidado, considerando tanto a produtividade da pastagem quanto as preferências alimentares do rebanho. Uma vez escolhida a forrageira ideal, realizar o manejo adequado da pastagem torna-se extremamente importante para assegurar aos animais um alimento nutritivo ao longo de todo o ano.

Quais variedades são mais indicadas para o gado de corte e leiteiro? Qual é a relevância dessas escolhas e como realizá-las de maneira eficiente? Continue a leitura e esclareça suas dúvidas.

Os tipos de pastagem influenciam na produtividade?

Sim. Além disso, a produtividade da pastagem é definida pela quantidade de forragem disponível para os animais por unidade de área, e esse fator depende de uma série de pontos, como as condições climáticas, o manejo da pastagem, a taxa de lotação e até mesmo a genética dos animais.

Inclusive, os diferentes tipos de pastagem apresentam diferentes características de crescimento, produção e digestibilidade. Algumas são mais adaptadas a climas úmidos, enquanto outras são mais adequadas para clima semiárido e até aquelas tolerantes à sombra, para semiconfinamento, por exemplo.

Esse tema é crucial especialmente no nosso país em que, aproximadamente, 95% da produção de carne bovina se origina de sistemas de pastagem, abrangendo uma extensão total de cerca de 167 milhões de hectares.

Essa particularidade confere uma vantagem competitiva ao nosso produto: redução de custos na produção, ausência de competição com alimentos humanos e ainda acrescenta um diferencial de qualidade à carne brasileira, pois não está associada aos riscos ligados à doença conhecida como “mal da vaca louca”, decorrente do uso de proteína animal na alimentação do gado.

Especialmente no Centro-Oeste brasileiro, a introdução de gramíneas selecionadas e melhoradas por meio de pesquisas científicas impulsionou não apenas a capacidade de suporte das pastagens, mas também o desempenho dos animais.

As variedades desenvolvidas, em sua maioria provenientes da diversidade natural e disponibilizadas principalmente pela Embrapa, refletem o êxito desse método e que atualmente dominam mais de 70% do mercado de sementes forrageiras.

Quais são os três grupos de capim mais usados?

Existem várias espécies para pastagem que se mostram adequadas para a dieta do gado de corte. Tipicamente, elas são classificadas em três categorias, levando em consideração suas particularidades botânicas, adaptabilidade e produtividade — coloniões, braquiárias e tiftons.

Abaixo, apresentam-se os tipos de capim mais apropriados para o gado, juntamente com algumas características distintas de cada grupo.

Coloniões

O agrupamento dos coloniões é reconhecido por sua notável capacidade de produção e elevado valor nutricional, sustentando aproximadamente quatro a cinco animais por hectare. Além disso, destaca-se por sua alta aceitação pelo gado, sendo preferido devido à abundância de folhas e à escassez de colmos.

No entanto, para que essas forrageiras expressem todo seu potencial nutritivo, é crucial que o solo apresente considerável fertilidade, o que pode demandar investimentos mais substanciais por parte do produtor, dependendo da localização de sua propriedade.

Além disso, durante períodos de seca, sua taxa de crescimento diminui, exigindo atenção redobrada, pois é essencial manter o rebanho alimentado ao longo do ano.

Os coloniões englobam gramíneas do gênero Panicum, como capim-mombaça, capim-massai e capim-tanzânia;

É fundamental destacar que essas variedades são frutos de pesquisas conduzidas pela Embrapa, buscando desenvolver cultivares híbridas mais resistentes a fungos e a cigarrinhas-das-pastagens, além de melhor adaptação a solos menos férteis ou propensos a alagamentos.

Braquiárias

O conjunto das braquiárias se destaca como o mais empregado no território brasileiro, principalmente pela adaptabilidade de suas forrageiras a variados climas e condições de fertilidade do solo.

Devido às suas raízes profundas e robustas, essas espécies são amplamente escolhidas como uma excelente opção para solos menos férteis, além de exibirem maior resistência a temperaturas baixas. Logo, são tipos de capim resistentes a seca.

É comum a prática de divisão do pasto entre diferentes braquiárias, a fim de que uma compense as fraquezas da outra.

Por exemplo, enquanto o capim-marandu ou braquiarão (Brachiaria brizantha) não tolera solos encharcados, a variedade Brachiaria humidicola demonstra ótima adaptação ao excesso de umidade. As braquiárias, reconhecidas por sua apreciação pelo gado, oferecem nutrientes essenciais. Outros exemplos incluem a Brachiaria decumbens e Brachiaria ruziziensis.

Além disso, a Embrapa desenvolveu híbridos da espécie Brachiaria brizantha e Marandu, que são altamente produtivos, exibindo grande flexibilidade e adaptabilidade, como BRS Piatã, BRS Paiaguás (recomendado para épocas de seca) e BRS Ipyporã (com elevado valor nutricional, sendo excelente para a recria).

Tifton

O agrupamento dos tiftons abrange as forrageiras pertencentes ao gênero Cynodon, as quais são ainda mais produtivas do que os coloniões, resultando em uma significativa produção de matéria seca, fornecimento adequado de proteína bruta (PB) e boa digestão do gado. São particularmente adequadas para pastejo e produção de feno.

No entanto, não toleram solos encharcados nem ambientes sombreados. Outra desvantagem dessas forrageiras é a incapacidade de se propagarem por meio de sementes, sendo necessário o plantio por mudas. Cabe ao responsável pela gestão avaliar a viabilidade e a conveniência desse método para sua produção.

Popularmente conhecidos como grama-bermuda ou capim-estrela, as espécies e cultivares mais utilizados incluem Cynodon dactylon e Cynodon nlemfuensis.

Quais os melhores tipos de capim para o gado de corte e leiteiro?

Em geral, os capins mais recomendados para o gado de corte e leiteiro são:

Para gado de corte:

  • capim-mombaça;
  • capim-massai;
  • capim-tanzânia.

Para gado leiteiro:

  • capim-elefante anão BRS Kurumi;
  • capim-tifton 85;
  • capim-braquiarão.

Além dessas pastagens, existem outras opções que podem ser consideradas, como o capim-sudão, o capim-colonião e o capim-andropogon. A escolha do melhor tipo de capim deve ser feita por um profissional qualificado, como um zootecnista ou agrônomo, que irá considerar as características específicas da propriedade e do rebanho.

Como preparar o pasto?

Para estabelecer uma pastagem de qualidade, é fundamental selecionar os tipos de capim que sejam do agrado do gado. Confira o que é preciso para a melhor escolha dos tipos de capim para a sua propriedade.

Planejamento e análise do local

Avalie as condições climáticas da região, tipo de solo, pluviosidade, temperatura, cercamento e topografia. Isso ajudará na escolha da pastagem.

Escolha da espécie adequada

Para estabelecer uma pastagem de qualidade, é essencial selecionar uma variedade de capim que seja de preferência do gado.

De maneira geral, os bovinos tendem a favorecer forrageiras com grande quantidade de folhas e poucos colmos, pois são as folhas que fornecem alimentação e contribuem para o ganho de peso dos animais. Colmos mais espessos dificultam a arrancada e a mastigação.

Preparo do solo

Realize uma preparação minuciosa do solo para garantir o estabelecimento de uma pastagem de qualidade. Recomenda-se evitar áreas próximas a locais de deposição de esterco, cochos, pontos de água e formigueiros, pois podem não refletir as condições médias de fertilidade da região.

Além disso, é fundamental realizar uma análise detalhada do solo para identificar possíveis necessidades de correção.

As sementes utilizadas devem ser de alta qualidade, saudáveis e livres de impurezas. O plantio deve ser feito a uma profundidade de 3 a 5 centímetros para garantir o correto estabelecimento das sementes.

Manejo

Durante o crescimento inicial, monitore a irrigação para garantir o desenvolvimento saudável das forrageiras. Realize capinas seletivas para eliminar plantas invasoras que possam competir por nutrientes.

Também implemente práticas adequadas, como o rodízio de pastagens, para evitar o superpastejo e permitir a regeneração das áreas. Use cercas elétricas ou outros tipos de cerca rurais para dividir pastagens e controlar o acesso do gado a diferentes áreas.

Adubação periódica

Mantenha um programa regular de adubação e fertilização conforme as necessidades das forrageiras, de acordo com a análise do solo recomendada pelo engenheiro agrônomo.

Monitoramento

Faça avaliações periódicas da qualidade da pastagem, observando a condição das plantas e avaliando a resposta do gado à alimentação.

Como realizar o manejo estratégico da pastagem?

O êxito na produção está em fornecer pastagens de elevado valor nutricional, mantendo a produtividade da vegetação.

Além disso, para o bem-estar bovino, tenha em mente que o gado prefere se alimentar de plantas verdes e jovens, evitando as mais antigas, com folhas e hastes fibrosas. Eles selecionam alimentos que facilitem sua mastigação. Separamos algumas práticas importantes para o manejo estratégico.

Realize o pastejo rotacionado

A prática de rotação do pastejo em intervalos fixos tem revelado sua ineficácia devido à sua dependência da estação do ano e das condições de crescimento das plantas, resultando em perdas tanto na qualidade quanto na quantidade da forragem produzida.

Para superar essa situação, a abordagem que tem mostrado melhores resultados é a rotação de pastejo baseada na altura da vegetação, permitindo o pastejo no momento mais adequado.

Nesse método, o produtor deve regularmente medir a altura das plantas nas áreas em repouso, acompanhando o progresso do pasto e determinando o momento ideal para o acesso do rebanho ao piquete.

Escolha a melhor espécie de acordo com a região

O manejo estratégico da pastagem está totalmente ligado a uma boa escolha dos tipos de capim. Afinal, toda a produtividade pecuária tem relação direta com:

  • o seu potencial;
  • a adaptabilidade ao ecossistema;
  • o manejo adotado.

Portanto, atribua as áreas mais férteis de sua fazenda às forrageiras mais exigentes e produtivas, como:

  • capins: Elefante, Tanzânia, Tifton e Mombaça.
  • leguminosas: Soja perene, Leucena.

Também é importante verificar a adaptação do solo à umidade, bem como sua capacidade de cobertura. Áreas sujeitas a alagamentos são melhor aproveitadas com estes capins:

  • braquiária-de-brejo;
  • capim-bengo;
  • humidicola.

Além disso, para manter um bom manejo de suas pastagens, mantenha o equilíbrio entre a taxa de lotação e a taxa de acúmulo de massa forrageira. Ou seja, fique de olho na relação entre quantidade e qualidade que caracteriza a oferta de forragem.

Em suma, cada espécie forrageira poderá atender às demandas nutricionais do rebanho durante os períodos mais produtivos, além de ter substitutas disponíveis para as fases de menor produtividade. Então, o melhor modelo para pastagem será aquele que estará adaptado à sua região e necessidade.

Tendo em vista todos esses aspectos, é perceptível que uma estratégia valiosa para o pecuarista é investir na diversificação para ter a melhor produção, isto é, cultivar diferentes tipos de capim para o gado de corte e leiteiro.

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