Saúde e segurança no trabalho são elementos cruciais que se relacionam para reduzir a incidência de acidentes e doenças ocupacionais, que colocam a integridade dos trabalhadores em risco. Nas fazendas, esses cuidados são ainda mais importantes, porque evitam diversos danos à saúde do profissional rural.
Desde a proteção no uso de produtos químicos até na operação de máquinas perigosas, bem como na radiação solar, as medidas de proteção já eram recorrentes. No entanto, recentemente, surgiu uma nova e potente ameaça: os impactos da Covid-19 no agronegócio.
Em função do vírus, novas determinações foram estabelecidas e, assim, uma série de modificações na rotina desses profissionais surgiram. Para entendermos melhor as mudanças, conversamos com Guilherme Vianna, especialista da Belgo. Confira!
O que mudou em relação aos protocolos de saúde e segurança nas fazendas?
No meio rural, as grandes propriedades já vinham seguindo a instrução normativa de segurança do trabalho no campo. Então, essas fazendas já respeitavam uma série de protocolos que visam a segurança. Como exemplo, temos a NR31, que foi atualizada no ano de 2020 com várias formas de minimizar acidentes de trabalho no campo.
De uma forma geral, em relação à Covid-19, os trabalhadores rurais já não se aglomeram muito em ambientes fechados. Afinal, eles trabalham espalhados em áreas abertas, o que facilita muito a segurança e minimiza o risco da contaminação vertical de contato.
Apesar disso, para evitar qualquer forma de contaminação, Guilherme Vianna aponta que os mesmos protocolos que foram adotados nas cidades também foram trazidos para as fazendas, como:
- uso de máscaras;
- higienização constante das mãos;
- respeito ao distanciamento mínimo entre as pessoas.
Quais são os maiores desafios na implementação dos novos protocolos na fazenda?
Culturalmente, quem trabalha em áreas rurais não tem o hábito de utilizar máscaras em suas atividades ocupacionais. No entanto, essa também era a realidade presente nas cidades até serem identificados os primeiros infectados pelos vírus e divulgadas as primeiras medidas de proteção.
“O que pode ser percebido é uma dificuldade realmente expressiva na conscientização do uso de máscara no decorrer daqueles trabalhos mais braçais”, afirma Guilherme. O equipamento de segurança ainda torna a atividade mais cansativa do que ela é, por exemplo, dentro de um escritório.
O calor é um fator que atrapalha bastante, visto que os funcionários estão diretamente expostos ao sol e ao ar quente. Apesar disso, em ambientes compartilhados, a medida foi bem aceita, ainda que, quando trabalhando isoladamente, esses profissionais nem sempre utilizassem o item.
Qual é o impacto dessas mudanças no dia a dia ou na produção?
Os protocolos exigidos para o campo podem ser considerados mais amenos do que na cidade, por exemplo. Isso se deve, principalmente, à intensidade de aglomeração de pessoas em ambas as áreas, já que em zonas rurais o número de moradores e trabalhadores é menor.
Apesar disso, em função do medo, as pessoas na área rural também adotaram os protocolos para que pudessem estar protegidas da contaminação. Isso inclui o uso de máscaras em ambientes onde há a interação com outros indivíduos e a frequente higienização das mãos.
Essas medidas foram, inclusive, adotadas nas interações com fornecedores, clientes e quaisquer outros profissionais que mantiveram contato com pessoas de fora. Vianna explica que o mesmo vale para aqueles deslocamentos até os centros urbanos para realizar compras, negociações ou outras resoluções.
Quais são as boas práticas atuais relacionadas à higienização no trabalho rural?
Em termos de mudanças e alterações estruturais relacionadas à higienização no trabalho rural, não foram grandes as demandas para as instalações no campo. A principal delas diz respeito à implementação de pias nas dependências das propriedades, para que cada trabalhador pudesse fazer sua correta higienização ao transitar de uma atividade para outra.
É claro que, em relação a isso, cada sistema produtivo tem suas particularidades. Em uma infraestrutura de ordenha, por exemplo, a concentração de pessoas é maior do que em uma lavoura. Logo, a disponibilidade de pias deve ser maior de um setor para outro.
Além disso, é crucial a orientação para que os trabalhadores efetivamente façam essa higienização e de forma correta. “Ao chegar na sala de ordenha, por exemplo, é importante estar de máscara, que pode ser descartável e ofertada pela propriedade, e lavar as mãos com sabonete adequado por, no mínimo, 20 segundos”, reforça o especialista da Belgo.
Depois da ordenha, o trabalhador deve fazer novamente essa higienização, seguindo todos os protocolos. Nesse intervalo entre uma e outra lavagem das mãos, é crucial não retirar a máscara do rosto e não levar as mãos aos olhos, boca ou nariz.
Existem cuidados diferenciados que devem ser tomados durante o cuidado com animais?
Com os animais, os atos de controle de trabalho continuam iguais. Isso porque os sistemas produtivos, seja de bovino, suíno ou aviário, sempre foram bastante rigorosos em relação ao cuidado com a higiene.
Agora, a única diferença é que os trabalhadores devem usar constantemente as máscaras e intensificar a higienização das mãos. Mas, basicamente, os protocolos continuam iguais em relação aos animais, demandando mais cuidado apenas com a interação entre as pessoas.
O mesmo vale para a mão de obra na agricultura, que já exigia o uso de diversos equipamentos de proteção individual, incluindo:
- touca árabe;
- luva;
- jaleco;
- respirador;
- avental;
- bota;
- calça;
- viseira facial.
Como a Belgo Agro implementou os protocolos de segurança relacionados à covid-19 em suas operações?
Os cuidados adotados pela Belgo não foram muito diferentes dos que foram feitos por todos os outros negócios, como afirma Guilherme Vianna. Com isso, incluímos medidas, como:
- controle de acesso às usinas com a tomada de temperatura na entrada de visitantes e trabalhadores;
- disponibilidade de álcool gel em todos os acessos;
- disposição de espaços para lavar as mãos com água e sabão;
- obrigatoriedade do uso de máscara durante todo o período dentro da empresa;
- cuidado redobrado na hora das refeições;
- redução pela metade da capacidade de lotação dos refeitórios;
- uso de máscaras e de luvas na hora de servir a alimentação.
Apesar de já existir uma série de cuidados importantes na atividade rural com saúde e segurança no trabalho, também foi necessário incorporar hábitos específicos em relação à Covid-19. Para que eles continuem sendo eficazes ao manter o vírus distante, é crucial ter a atenção redobrada.
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