homem cuidando de bovinos
Belgo Arames
Publicado por: Belgo Arames
5 dicas para melhorar a qualidade de vida dos bovinos

Técnicas de manejo animal agressivas e inadequadas já não têm mais espaço na pecuária. O Manejo Racional — que leva em conta o comportamento do gado e promove a qualidade de vida dos bovinos — é uma das principais questões abordadas na produção animal moderna, pois garante as características exigidas pelo mercado consumidor na carne e no leite.

Além disso, as boas práticas de bem-estar animal impulsionam o desempenho do rebanho, visto que maximizam o potencial genético dos bovinos, os esforços para manter o status sanitário da fazenda e os investimentos em nutrição. Sabe o que isso significa? Mais rentabilidade e lucratividade no negócio.

Portanto, o produtor que deseja assegurar uma postura competitiva no mercado agropecuário precisa se adequar ao que é solicitado. Mas o que fazer, afinal, para melhorar a qualidade de vida dos bovinos? Fique atento às dicas que separamos para você!

1. Garanta uma nutrição de qualidade

A nutrição é um dos tripés que sustenta a atividade pecuária. O animal que não se alimenta bem simplesmente não terá meios para produzir melhor. Quando se fala em exigência nutricional, significa que os animais precisam de uma certa quantidade e variedade de nutrientes para que sejam produtivos. Isso vai além do que é necessário para a mantença (o funcionamento dos órgãos vitais).

Para garantir uma dieta equilibrada ao seu o rebanho, o produtor precisa, em primeiro lugar, definir as metas de produção; estabelecer exatamente em que ponto deseja chegar e onde precisa investir para atingir esses objetivos. Também é preciso analisar as condições da sua fazenda e escolher o melhor tipo de pastagem para o seu gado.

Atente ao fato de que os pastos brasileiros apresentam certa deficiência em um ou outro nutriente, além de serem escassos na época da seca em algumas regiões do país. Por isso, é essencial fazer um bom manejo das pastagens e ter um plano de suplementação alimentar.

2. Assegure o acesso à água

Além da dieta equilibrada, o livre acesso à água também é um ponto imprescindível para a qualidade de vida dos bovinos e, claro, para a produtividade do rebanho. Ela é fundamental para o bom funcionamento do metabolismo e de todos os órgãos dos animais.

A água é também crucial na termorregulação corporal e na digestão dos alimentos — que melhora significativamente. Ou seja, o simples fornecimento de água faz com que os insumos sejam melhor aproveitados pelos animais.

Quem produz leite precisa ter especial atenção a esse fator, pois oitenta e sete por cento do leite é composto por água e, para produzir um litro de leite, uma vaca precisa consumir quatro litros de água. Para a mantença e a produtividade, um bovino precisa de quatro litros por quilo de peso. Essas proporções indicam que a água precisa ser abundante para o gado.

Os estábulos devem ter uma fonte contínua de água e não devem permitir o derramamento de um volume muito grande, capaz de encharcar a área de descanso. No pasto, os animais não devem percorrer mais que 800 m em terrenos inclinados, ou 3.200 m em propriedades planas.

Os bebedouros devem estar sempre limpos, e a água, sempre fresca. Não é recomendado usar fontes naturais para o gado, mas, se for necessário, monitore a qualidade da água para evitar o risco de contaminação e de transmissão de doenças.

3. Invista em ambiência

Outro aspecto muito importante para a qualidade de vida dos bovinos e de qualquer outro animal de criação é a manutenção da ambiência. Isto é, proporcionar bem-estar animal por meio das instalações nos locais em que o gado permanece.

Quem mantém o gado sob sistema de confinamento deve garantir que os animais tenham acesso constante ao ambiente externo, além de providenciar infraestrutura e equipamentos que criem boas condições para o rebanho. Por exemplo:

  • superfícies de material que seja facilmente limpo e desinfetado;
  • pisos antiderrapantes para evitar quedas, mas não excessivamente texturizados a ponto de causar injúrias nos cascos;
  • portões e corredores largos o suficiente para os bovinos passarem livremente;
  • temperatura amena e adequada para cada categoria produtiva;
  • ventilação apropriada para manter a umidade abaixo de oitenta por cento, evitando a proliferação de patógenos aéreos e melhorando a sensação térmica nos abrigos;
  • área de descanso em que os animais consigam expressar seu comportamento natural (deitar, levantar, lamber-se, dar a volta em si mesmo, estirar os membros).

No pasto, os bovinos precisam de áreas sombreadas, sejam naturais, sejam artificiais, para se proteger do sol e do calor. Se você divide a propriedade em piquetes, lembre-se de que cada um deve ter uma área sombreada, além de bebedouro e sal mineral.

4. Mantenha a sanidade animal

A saúde do rebanho jamais deve ser negligenciada. O organismo de um animal saudável consegue direcionar suas energias para a produção de carne e de leite, enquanto o de um animal lesionado ou doente foca esforços em recuperação.

Por isso, está fora de cogitação um pecuarista não seguir o calendário de vacinação do gado. Além de ser uma questão de saúde pública, a manutenção da saúde dos animais é sinônimo de produtividade. Também se deve ter cuidado com os veículos que entram e saem da propriedade, e toda a equipe que maneja os animais também deve estar livre de doenças.

Além disso, é crucial que o produtor siga as boas práticas de higiene e de sanitização em todos os procedimentos da cadeia de produção. Na pecuária de leite, por exemplo, elas protegem o rebanho da mastite.

Sob qualquer indício de inflamação, infecção ou sinais característicos de determinadas doenças, o animal deve ser isolado e devidamente tratado, para que não haja perigo de contágio para o rebanho.

5. Faça um manejo gentil

O estresse é um dos principais mecanismos para mensurar o bem-estar animal e, também, um dos fatores mais determinantes para a qualidade dos seus produtos. Vacas leiteiras diminuem consideravelmente o volume na produção de leite quando estressadas, e a carne originada de um gado que sofreu estresse tem alterações de consistência, cor, textura, retenção de água e pH.

Bovinos manejados com métodos ultrapassados, que utilizam violência e gritos, ou que não sejam mantidos sob condições favoráveis para o seu bem-estar, apresentam índices zootécnicos abaixo do esperado. Menor ganho de peso, menor rendimento de carcaça e baixa imunidade são exemplos.

O estresse desencadeia uma cascata de hormônios no organismo dos bovinos, que resulta em maior suscetibilidade a doenças, comportamento fora do normal, baixa produtividade e produtos de qualidade inferior (o que compromete a rentabilidade do negócio). Por isso, é fundamental investir em ambientes enriquecedores e que os mantenham dentro da sua zona de conforto, como mencionamos nos tópicos anteriores.

Também é fundamental que o manejo pré-abate seja realizado seguindo todas as boas práticas. Uma solução interessante são os currais antiestresse, desenvolvidos para minimizar os efeitos de ansiedade e estafa nos animais.

Além disso, é preciso conhecer a biologia e o comportamento dos bovinos. Eles são animais que gostam de rotina e têm boa memória, reconhecendo os seus tratadores. Aliás, uma simples mudança de equipe pode ser suficiente para causar desconforto ao rebanho.

Por isso, é importante que o pecuarista invista em capacitação da sua equipe. Assim, todos os que têm contato com os bovinos são comprometidos com o seu bem-estar e com a produtividade da fazenda.

Criar os animais à base do berro é coisa do passado. Hoje, a pecuária fundamenta-se no Manejo Racional e nas técnicas que asseguram a qualidade de vida dos bovinos. Com isso, além de estarem dentro das normas éticas e humanitárias, os pecuaristas garantem produtos de excelência para o mercado consumidor.

Além dessas dicas de bem-estar, a tecnologia auxilia (e muito) a gestão das fazendas de gado. Por isso, aprofunde seu conhecimento e saiba o que é a Pecuária de Precisão e por que começar a praticá-la agora!

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