Gado nelore enfileirado
Belgo Arames
Publicado por: Belgo Arames
Plantas daninhas: como resolver o problema no pasto com auxílio da tecnologia?

Tocar uma fazenda de gado requer planejamento e organização para dar conta das inúmeras tarefas que envolvem a pecuária. Um dos desafios dos produtores é fazer o controle das plantas daninhas no pasto, atividade que exige tempo e, se não realizada adequadamente, causa prejuízos para a produtividade no campo.

A técnica mais utilizada para reduzir a ocorrência dessas plantas é a aplicação de herbicidas, pois são eficientes e têm bom custo-benefício. Porém, o número de espécies vegetais que desenvolvem resistência aos herbicidas tem crescido a cada ano, evidenciando que é preciso pensar em alternativas de manejo.

Pensando nisso, conversamos com Ronaldo Roncari, engenheiro agrônomo Supervisor de Marketing para Pastagem da UPL Brasil. Ele nos contou quais são as tendências para realizar o manejo de plantas daninhas na pastagem de maneira eficaz. Continue a leitura e aproveite as informações!

Os problemas causados pelas plantas daninhas

As plantas daninhas são vegetais que se desenvolvem em locais indesejados e causam prejuízos ao principal cultivar da área, seja um produto agrícola, seja a pastagem para o gado. Embora existam diversas espécies de plantas que se comportam como pragas nas produções humanas, elas apresentam características em comum, como:

  • diversidade na forma de reprodução (propagação por sementes ou partes vegetativas);
  • crescem e produzem sementes em diferentes condições de solo e de clima;
  • as sementes têm mecanismos de dormência (que as fazem persistir no meio até que ocorram as condições ideais para germinação);
  • produzem grande quantidade de sementes por planta;
  • têm sistema radicular abundante.

Essas plantas têm enorme importância no setor agropecuário, pois a sua ocorrência compromete a produtividade das atividades. Isso acontece tanto de forma direta (com a perda do rendimento da forrageira) quanto indireta (aumentando os custos de produção e inserindo outros problemas no sistema).

Entre as principais consequências causadas pelas plantas daninhas no campo estão:

  • competição por recursos (água, luz, nutrientes e espaço) que seriam aproveitados pela pastagem;
  • diminuição da capacidade de suporte da forrageira;
  • redução da taxa de lotação;
  • hospedagem para pragas, parasitas e doenças;
  • ferimentos nos animais ou envenenamento por plantas tóxicas para bovinos;
  • aumento no custo de produção.

As tecnologias de controle às plantas daninhas

Com a introdução do setor na chamada Pecuária 4.0, Ronaldo explica que o Brasil é um dos países que têm o melhor acesso às tecnologias de controle de plantas daninhas em pastagens. Isso se deve à tradicional força agropecuária do país e às diversas pesquisas realizadas para solucionar problemas comuns dos produtores.

Segundo o engenheiro agrônomo, há um progresso nas tecnologias empregadas no campo. Esse controle é relativamente novo, se olharmos de perto o que se faz nas grandes culturas, como milho, soja, arroz e algodão. “Tivemos avanços porque, com a chegada de novas moléculas e de novas empresas no mercado, o controle ficou muito mais acessível ao pecuarista. Então, encontramos mix de produtos muito mais efetivos no pasto.”

Ronaldo ainda acrescenta que, hoje, os pecuaristas conseguem controlar plantas mais velhas, plantas de difícil manejo e, também, aquelas mais resistentes.

Tendências para o setor

Om projeto da UPL Brasil chamado FlyUp se baseia em Inteligência Artificial (IA) para fazer o controle das plantas daninhas nas pastagens. Com o uso de imagens de altíssima precisão e capacidade de visualização até o nível do solo, o engenheiro explica que a empresa vai fazer um diagnóstico muito mais acertado e conseguir mensurar a produção daquela área.

“Então, por meio de drones, avião e satélite junto à IA, vamos conseguir mensurar qual planta daninha está atacando a área, qual o melhor controle para aquela espécie e qual o melhor período da estação para fazer isso”, diz o especialista.

Mas não para por aí. Em termos de pragas da pastagem, é possível saber qual inseto está atacando e qual a melhor época para a aplicação dos defensivos ou das práticas de manejo. “Todas essas informações somadas ao olhar e à expertise dos nossos consultores permitem um controle mais efetivo das plantas daninhas. Além disso, possibilitam mensurar quanto estamos perdendo de pastagem, se dez, vinte ou trinta por cento.”

Ainda, é possível fazer uma correlação da causa com a consequência, isto é, se dez por cento da pastagem está sendo perdida pela planta daninha (e qual espécie) ou pela falta de cobertura do solo.

“Em cima disso, os nossos consultores vão analisar todo o cenário e mensurar a produtividade que os pecuaristas estão perdendo e o quanto que eles podem agregar em produtividade. É uma ferramenta única no Brasil”, completa.

Numa visão mais holística, Ronaldo comenta que essa ferramenta também auxiliará os produtores na recuperação de pastagens para a posterior entrada do capim. “O pasto vai ser recuperado através das biossoluções, e o pecuarista vai conseguir colocar o gado mais rápido no campo, além de pôr mais animais por hectare”, finaliza.

O retorno dos investimentos em tecnologia

Em um primeiro momento, é provável que você tenha pensado que esses investimentos para o controle eficaz das plantas daninhas sejam grandes e não valham a pena. Porém, Ronaldo lembra da rotina nas fazendas que fazem o controle mecânico. “Todo ano você entra com as roçadeiras, roça o campo para que as espécies daninhas não abafem o capim e este possa crescer, e a planta daninha rebrota.”

O avanço da tecnologia trouxe um controle mais permanente. Isso é interessante, porque o custo de produção vai baixando, já que o manejo é mais rápido e efetivo.” Além disso, com a melhora das condições do solo e do pasto, o custo reduz ainda mais.

“A tecnologia se paga, e você consegue ter um retorno muito maior dentro do contexto da pecuária, pois pode aumentar a taxa de lotação no campo”, afirma. O engenheiro agrônomo ainda lembra que, no Brasil, a média é de 0,8 gado por hectare, e, “se nós entramos com um controle efetivo pensando na recuperação de pastagens, facilmente dobramos essa média”.

Ou seja, a produtividade no campo está diretamente ligada ao nível de controle de plantas daninhas e ao nível de investimento colocado na área para melhorar todas as condições da propriedade. Como o Brasil tem acesso a diversas tecnologias robustas que facilitam a vida na fazenda e solucionam problemas corriqueiros, vale estar atualizado sobre o assunto.

Por isso, continue aprofundando os seus conhecimentos, saiba o que é o profissional agrodigital e prepare-se para incorporar este conceito nos negócios!

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