campo de plantação de soja
Belgo Arames
Publicado por: Belgo Arames
Como realizar o manejo das culturas forrageiras de inverno?

Um dos grandes desafios dos pecuaristas é garantir, ao longo de todo o ano, uma nutrição de qualidade para o seu gado. Isso porque, durante uma época, a pastagem reduz drasticamente o seu crescimento, causando uma redução na produção de leite e de carne. Para contornar a escassez, vale apostar no manejo das forrageiras de inverno.

Ao escolher a espécie de forragem, devemos levar em conta não só a sua produtividade e o seu valor nutritivo, mas também a sua capacidade adaptativa ao clima e ao tipo de solo da região. Elaborando um bom planejamento e seguindo boas práticas de manejo de pastagens, é possível assegurar a reserva de alimentos para o gado em todas as estações.

É sobre isso que falaremos neste artigo. Continue a leitura e veja alguns exemplos de forrageiras que têm boa atuação durante o inverno!

Qual a importância de fazer o manejo das pastagens?

O melhoramento genético é um dos fatores que impulsiona a atividade pecuária do país. Hoje, as raças de gado de corte e de leite são muito mais produtivas que há algumas décadas, e seus produtos também têm qualidade superior.

No entanto, o patrimônio genético dos animais por si só não é suficiente para garantir a sua produtividade. Afinal, os resultados dos seus produtos estão diretamente sujeitos às influências externas, como bem-estar e alimentação do rebanho.

Somando essa informação ao fato de que os custos variáveis de produção comprometem em torno de 70% dos investimentos, nenhum produtor pode se dar o luxo de negligenciar a alimentação dos animais, sob pena de sofrer grandes prejuízos.

A questão é que, durante o inverno, — que nas regiões centrais do país, refere-se à época de seca —, as forrageiras topicais reduzem o acúmulo de matéria seca e o rebanho precisa ser alimentado com alternativas. Alguns exemplos são: cana de açúcar, silagem ou, até mesmo, ração.

Para diminuir os gastos com suplementação alimentar — sem prejudicar o aporte nutricional dos bovinos —, investir em forrageiras de inverno, melhorando a produção de pasto, é uma ótima estratégia. Veja a seguir algumas espécies que se adaptam bem às condições críticas dessa época do ano.

Quais são as espécies de forrageiras de inverno?

Como mencionamos, para escolher a pastagem que suprirá o gado nos períodos de escassez, é fundamental que o produtor procure por espécies que são adaptadas às condições de temperatura, pluviosidade e fotoperíodo reduzidas. Além disso, claro, devem ser levadas em conta aquelas que têm maior potencial nutritivo.

Quanto ao plantio das forrageiras de inverno, ele deve ser feito ao final do período de verão, para que sirvam como pasto, sejam colhidos como forragem verde ou, ainda, sejam conservados na forma de silagem durante a época fria/seca.

Cabe ressaltar que todas as espécies semeadas no inverno têm uma função primordial de proteger o solo, bem como sua fauna e microflora, da erosão, da insolação e das demais causas de degradação. Essa é uma das premissas dos produtores que prezam pela sustentabilidade do seu negócio. Então, vamos a elas!

Aveia

A aveia tem sido amplamente utilizada, pois se adapta a diferentes tipos de solo, inclusive aqueles com fraca aptidão. Ela é resistente a baixas temperaturas e não se adapta muito bem a solos muito úmidos, preferindo precipitações bem distribuídas. A variedade mais utilizada é a preta, visto que a branca é mais sensível a doenças.

Ela deve ser semeada em março ou abril e, para obter uma boa germinação, as sementes devem ser plantadas a uma profundidade de 3 a 5 cm. Quanto ao pastejo da aveia, ele deve ter início quando a vegetação atingir cerca de 30 cm de altura (45 a 60 dias após o plantio) e o rebanho deve ser retirado quando as plantas estiverem com 7 a 10 cm de altura, permitindo um melhor rebrote.

A colheita feita antes do surgimento dos grãos visa maiores quantidades de massa verde, enquanto a colheita tardia apresenta uma forrageira rica em carboidratos.

Azevém

O azevém é uma gramínea altamente produtiva, pois responde rapidamente à fertilidade do solo, produzindo uma cobertura com alto valor nutricional e sendo, ainda, de grande agrado dos animais. Ele é resistente ao excesso de umidade e ao pastejo intenso, suportando altas lotações.

Ele deve ser semeado no outono (de março a maio) e uma de suas vantagens é que pode ser manejado para a ressemeadura natural, isto é, produção e queda das suas sementes na terra, excluindo a necessidade de semear todos os anos. Para maior germinação, as sementes não devem ficar a mais de 1 cm de profundidade da terra.

O pastejo deve começar quando estiverem com 20 cm de altura e encerrar quando estiverem a 5 ou 10 cm. O primeiro corte favorece o rebroto, e o último visa a produção de feno ou silagem.

No seu período vegetativo, o azevém é rico em água e proteína, enquanto que na época de espigamento apresenta altos teores nutritivos, devido ao equilíbrio da matéria seca, água e açúcares. É importante lembrar que após o espigamento há uma redução dos elementos nutritivos.

Triticale

O triticale é um cereal de inverno resultante do cruzamento entre o centeio e o trigo, apresentando grande capacidade produtiva e boa adaptação aos diferentes tipos de solo. A planta inteira é utilizada como massa verde no cocho ou como silagem, devido à grande produção de matéria seca, e seus grãos úmidos também podem ser ensilados.

A forrageira tem 15% mais proteína que o milho, porém apresenta menor teor de energia devido à alta taxa de fibras e à baixa taxa de gordura. Quando o corte é feito na planta verde para silagem, o triticale rebrota, permitindo mais uma colheita de grãos. As sementes devem ser espaçadas com 17 cm e plantadas com 2 a 3 cm de profundidade do solo.

Uma das suas vantagens é que, por cobrir o solo, ele ajuda a combater o surgimento de ervas daninhas.

Cevada

A cevada se adapta bem a solos que apresentam texturas pesadas e boa drenagem, mas é sensível à acidez. Ela é mais resistente que o trigo e tem maturação mais precoce, bem como um ciclo vegetativo mais curto. Isso garante uma boa adaptação a regiões de clima mais seco.

Ela apresenta uma boa digestibilidade na silagem e, normalmente, é cultivado em parceria com fabricantes de cerveja, que fornecem as sementes e compram a futura produção de grãos com preços pré-estabelecidos.

Centeio

O centeio é escolhido como forrageira de inverno, pois a sua rusticidade permite melhor crescimento em baixas temperaturas e confere boa aceitação à amplitude térmica, —inclusive à noite, quando há quedas bruscas. Essa plantação é altamente tolerante a solos ácidos, pouco férteis e com texturas arenosas.

Além disso, ele é resistente a geadas, mas não muito à seca, e a semeadura deve acontecer no fim de março. O ciclo vegetativo do centeio é o mais rápido entre os cereais, porém seu ciclo reprodutivo é longo.

Seus grãos têm valor energético semelhante ao de outras forrageiras de inverno, e o valor nutritivo chega a 90% do de grãos de milho. Além disso, contêm mais proteína e nutrientes digeríveis do que os níveis nos grãos de aveia ou cevada.

Para regiões mais frias, ainda são indicados o nabo forrageiro e a ervilhaca. Para os locais mais quentes e secos, o milheto e o sorgo são mais indicados, enquanto que para locais intermediários, o cultivo do painço é uma boa alternativa para a rotação de culturas.

Como realizar o manejo das forrageiras de inverno?

É essencial que o produtor atente para o manejo da pastagem de inverno. Lembre-se de que cultivares de clima temperado precisam de umidade para se desenvolver, por isso, essas alternativas são viáveis em regiões de inverno chuvoso ou em propriedades irrigadas nas regiões mais secas.

As pastagens de inverno são exigentes e, portanto, a fertilidade do solo deve ser levada em conta para a obtenção do sucesso na semeadura. Em todos os cultivos, as formigas devem ser controladas, principalmente em seu estágio inicial do desenvolvimento. Além disso, durante esse mesmo período, é preciso fazer o controle das ervas daninhas, bem como evitar os resíduos de pastagem tropical, para não haver competição excessiva.

A nutrição é um dos fatores que mais impactam a produção de um rebanho, pois ela maximiza o potencial genético dos animais. Por isso, o manejo das forrageiras de inverno é uma excelente estratégia nutricional para garantir a produtividade do gado durante todo o ano e, ainda, contribuir para a preservação e preparação do solo para as culturas de verão.

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