A videira é uma das culturas mais importantes e move o setor econômico do Brasil. Na região sul, gera emprego e é a maior produtora do país, com mais de 950 mil toneladas só na safra de 2021. Isso só prova que o cultivo de uva, embora desafiador, é o verdadeiro ouro dos sulistas. Inclusive, não é apenas nessas localidades que se destaca: também floresce no sertão pernambucano, impulsionando fortemente o seu PIB.
Por essa razão, preparamos este conteúdo completo sobre a importância dessa cultura, suas principais características e por que ela traz tanto retorno, mesmo que demorado, aos produtores. Continue lendo para entender o fantástico mundo da viticultura!
Cultivo da uva: conheça a sua trajetória
A uva (Vitis vinifera) é rodeada de histórias e sempre esteve presente na humanidade. Considerada um presente divino para uns e um milagre para outros, ela representa a força da produtividade brasileira e do desenvolvimento econômico. Para se ter uma ideia, só no estado do Rio Grande do Sul, a safra de 2022 promete um volume de 600 a 650 milhões de quilos.
Embora seja associada com os sulistas, ela também prospera no coração do sertão nordestino: Petrolina (PE) é considerada a melhor cidade para o agronegócio, com 50 mil toneladas de uva exportadas para países como Estados Unidos, Reino Unido e Espanha. Além disso, mesmo que a região sul seja destaque, a sua produção está mais voltada para o vinho, enquanto, na região nordeste, está voltada para uvas de mesa.
Em suma, a viticultura teve seu início no nosso país em meados de 1937, com a criação do Laboratório Central de Enologia, com sede no Rio de Janeiro e três estações nos estados Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais. No nordeste, teve grandes avanços em Juazeiro (BA) e Petrolina (PE) com a instalação de unidades experimentais denominadas Projeto Bebedouro e Mandacaru, em 1963.
Saiba os principais pontos para implementá-lo
É importante ressaltar que a cultura da videira exige um planejamento minucioso em todas as etapas, visto que demanda de muita mão de obra para sua implementação e desenvolvimento. Dito isso, veja a seguir os principais aspectos que merecem atenção.
Condições climáticas
Para o cultivo da uva, a faixa de temperatura média ideal para produção se dá em torno de 20 e 30 graus Celsius. E, para que a V. vinifera dê frutos, é imprescindível que ela passe pelo período de dormência.
Na região tropical do nosso país, essa etapa é feita por meio do manejo de água: ele é reduzido para que a cultura perca as folhas e passe pelo processo de “hibernação”, e são usados indutores químicos para quebra da dormência das gemas, como o etefom. Dessa forma, garante-se a produção o ano todo.
Tipo de solo e manejo
Para o cultivo de uvas, solos com mais de 25% de argila devem ser evitados. O solo, então, deve ser:
- bem drenado e com tendência arenosa;
- de preferência, com a presença de cascalhos e matéria orgânica;
- livre de obstáculos que impeçam do crescimento das raízes.
O preparo das linhas de plantio é feito com tratores e implementos agrícolas. O espaçamento ideal para a cultura da uva deve ser, em média, 3 por 2,5 metros, 4 por 2 metros; ou 3 por 3 metros. A densidade, portanto, varia de 952 a 1666 plantas por hectare.
Nutrição da videira
O cultivo de uva tem suas exigências nutricionais, principalmente em relação ao nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e magnésio. Veja os sintomas de deficiência de cada um que a cultura da uva pode manifestar:
- nitrogênio: sua ausência é aparente nas folhas velhas da videira, que apresentam coloração amarelada, baixo desenvolvimento vegetativo e encurtamento dos entrenós;
- fósforo: a deficiência aparece nas folhas mais velhas, também em forma de clorose (amarelamento). A diferença em relação ao nitrogênio é que a clorose por deficiência de fósforo vem acompanhada de uma coloração roxa, que evolui para necrose e secura;
- potássio: sua ausência retarda a formação dos cachos, tornando-os pequenos, verdes, duros e ácidos e inviabilizando a comercialização;
- cálcio: sua deficiência paralisa o crescimento de ramos e raízes, além de causar clorose internerval e marginal nas plantas jovens;
- magnésio: a falta dele também causa clorose internerval, mas nas folhas velhas, e isso pode evoluir para necrose.
Conheça os principais aspectos do manejo da videira
O manejo adequado é crucial para o sucesso da produção de uva. Seus principais aspectos abrangem o manejo fitossanitário, a implementação dos parreirais, a poda de formação e o tempo de floração e colheita, aprofundados a seguir.
Manejo fitossanitário
O manejo fitossanitário consiste em uma ferramenta importante para monitoramento constante a fim de detectar o início de doenças e infestações. Assim, é possível evitar que elas tomem a produção inteira. São muitas as formas de avaliação, e podemos exemplificar com a metodologia dos pesquisadores da Embrapa Semiárido, que realizam o acompanhamento periódico das parcelas do pomar.
A avaliação por bordadura é feita com parcelas de 1 a 5 hectares, com percurso em ziguezague. Em suma, as principais doenças e pragas na cultura da uva são:
- podridão-seca;
- nematoides;
- míldio;
- oídio;
- traça dos cachos.
É imprescindível colocar no planejamento do projeto da implantação da cultura esse ponto, a fim de evitar graves prejuízos, além de contar com mão de obra qualificada.
Implementação dos parreirais
Os principais sistemas para implantação do parreiral são a latada (ou caramanchão, no sistema horizontal) e espaldeira (no sistema vertical), além dos arames para estruturação.
Essa etapa é uma tarefa complexa e a mais importante na cultura da videira. Por isso, não deixe de contar com um profissional da engenharia agrônoma para orientar os procedimentos da melhor forma e garantir uma excelente gestão de agronegócio para sua propriedade.
Poda de formação
A poda também é um detalhe crucial que determina o nível de produtividade, pois estimula a videira a quebrar a dormência. Ela consiste na retirada parcial do ramo lenhoso, durante a poda de inverno, e a retirada de ramos herbáceos, na poda verde. Assim, regulariza-se o vigor vegetativo no cultivo de uva.
Tempo de floração e colheita
A videira começa a produzir frutos, em média, num período de 3 a 4 anos. A partir de então, ela produz anualmente, e seu tempo de floração dura em média 30 dias. Para uvas de mesa, o tempo de maturação dos frutos se dá de 90 a 120 dias após a poda; e, para videiras destinadas à produção de vinho, pode chegar a 130 dias, a depender da variedade.
Agora que você sabe mais sobre o manejo do cultivo de uva, será mais fácil implementá-lo na sua área. Contudo, lembre-se que para um excelente retorno desse investimento, será preciso muito mais que a leitura deste post: organize bem o planejamento e conte com profissionais especializados no assunto.
O conteúdo foi útil para tirar suas dúvidas? Para complementar o tema, confira nosso post sobre arame para fruticultura!