Foi-se o tempo em que criar bois com atitudes violentas era normal nos sistemas de criação. Atualmente, a pecuária moderna volta-se para uma nova vertente: a preservação do bem-estar animal dos bovinos.
O tema surgiu devido à pressão dos consumidores em saber a procedência e a qualidade dos produtos que colocavam à mesa. Porém, o assunto vem sendo amplamente discutido não somente pelo mercado, como também pelo próprio meio produtivo, que soube valorizar e aproveitar os benefícios da iniciativa.
Mas você entende exatamente o que é o bem-estar bovino? Percebe como ele influencia o desempenho do gado de corte e de leite? Sabe como garantir o conforto dos animais? É sobre isso que falaremos a seguir. Continue com a leitura e descubra!
Qual é o conceito de bem-estar animal?
Essa definição diz respeito ao estado em que os animais se encontram quando são mantidos dentro da sua zona de conforto. Tal concepção surgiu nos anos 1960, com estudos voltados para o aumento da produção de leite, mas as estratégias têm se estendido para todos os setores de criação.
Hoje, sabe-se que os animais são seres sencientes, ou seja, capazes de experienciar emoções. Isso significa que eles têm necessidades que vão além das fisiológicas e respondem positiva ou negativamente aos estímulos externos, dependendo da maneira como são tratados.
De modo geral, existem cinco princípios que envolvem a noção de bem-estar. Eles estabelecem que os animais devem estar livres:
- de medo e estresse;
- de fome e sede;
- de desconforto;
- de dor, doenças e lesões;
- para expressar o seu comportamento natural.
O conhecimento sobre essas premissas possibilita que o produtor estipule as diretrizes do seu negócio voltadas para infraestrutura, capacitação da equipe, prevenção e tratamento de doenças e boas práticas de manejo.
O que é bem-estar animal em bovinos de leite?
A boa qualidade de vida desses animais ocorre quando lhes é permitido expressar plenamente todo seu potencial genético na produção. Logo, isso pode ser avaliado por meio de medidas biológicas que englobam aspectos como produtividade, eficiência reprodutiva, índice de mortalidade, manifestações de comportamento atípico, níveis de atividade adrenal, resposta imunológica, ocorrência de ferimentos e doenças.
É crucial entender e atender às exigências dos animais em cada etapa para garantir seu bem-estar. O modo como os humanos interagem é um componente significativo nos sistemas de criação. Portanto, é necessário que o responsável pela operação conheça profundamente o comportamento dos bovinos e saiba manejá-los de forma adequada.
Isso porque o manuseio inadequado na sala de ordenha é uma das situações que leva à diminuição do hormônio ocitocina, promovendo uma redução na quantidade de leite ordenhado e um aumento na produção do leite residual (que eleva os riscos de o rebanho desenvolver mastite). Por outro lado, é constatado que as vacas produzem mais leite durante os momentos em que estão deitadas descansando.
Além disso, o estresse originado por atitudes truculentas ou pelas condições do ambiente afetam diretamente o sistema imune dos bovinos, bem como o seu desempenho reprodutivo. Logo, a continuidade do negócio torna-se comprometida.
Como garantir o bem-estar dos bovinos?
Nos tópicos acima, você pôde entender que garantir o bem-estar dos bovinos traz benefícios para produção na pecuária moderna. Mas como, então, garantir o conforto dos animais na fazenda? Veja a seguir algumas boas práticas para adotar no seu negócio!
Invista em boas instalações
Para que os bovinos possam usufruir das cinco premissas do bem-estar animal, é essencial criá-los em ambientes com temperatura e umidade adequados, de acordo com a raça, idade e categoria produtiva. Além disso, eles devem ter espaço suficiente para se locomoverem e descansarem.
Em sistemas de confinamento, aposte na tecnologia para a ambiência (ventiladores, pisos de grade etc.). Já nos locais de campo aberto, garanta áreas frescas e sombreadas para o gado. Em ambos os casos, cochos e bebedouros devem ter número e tamanho adequado ao rebanho e precisam estar sempre limpos.
Forneça nutrição de qualidade
A alimentação do gado é um dos fatores que mais pesam quando o assunto é desempenho na produção. Para ter eficiência econômica, invista em boas pastagens e suplementação alimentar.
A água deve estar sempre disponível, fresca e em abundância, especialmente para o rebanho leiteiro — já que a composição do leite é de 87% de água e, para a produção de um litro de leite, a vaca consome quatro litros de água.
Garanta a condição sanitária
Para assegurar o bem-estar animal dos bovinos e a produtividade do rebanho, os animais devem estar saudáveis. Para isso, mantenha sempre em dia o calendário de vacinação e trate imediatamente os animais que estiverem doentes. Eles devem ser isolados e manejados separadamente do rebanho. Além disso, os funcionários precisam estar saudáveis e vestidos higienicamente.
Preze pelo bom manejo
Como mencionamos, os animais devem ser criados em condições livres de estresse e medo. Por isso, é importante que você e sua equipe conheçam a fundo o comportamento dos bovinos e adotem boas práticas de manejo. Todas as pessoas envolvidas na interação com os animais necessitam saber identificar os sinais de agitação, vocalização etc., para tomar providências imediatas frente a um problema.
Cabe destacar que os bovinos gostam de rotina e têm boa memória. Eles conseguem distinguir os seus tratadores e apresentam reações distintas associadas à experiência que têm com cada um deles.
Qual a importância do bem-estar animal na bovinocultura de corte?
Existe uma ligação íntima entre bem-estar animal, sua saúde e o desempenho na produção. Assim, compreender e respeitar a biologia dos animais na bovinocultura de corte resulta em melhorias significativas em termos econômicos. Isso se reflete no aumento da eficiência do sistema produtivo e na melhoria da qualidade do produto.
Dessa forma, o entendimento do comportamento e a implementação de estratégias de manejo que consideram tanto as necessidades fisiológicas quanto comportamentais dos bovinos são essenciais. Essas práticas resultam em benefícios diretos e indiretos na produção de carne e couro de alta qualidade.
Isso acontece porque as alterações emocionais causadoras de medo e estresse — assim como as doenças — geram consequências fisiológicas no organismo dos animais que afetam diretamente a qualidade da carne.
Como exemplo, podemos abordar o momento do pré-abate do gado de corte, que constitui um grande fator de estresse para o animal quando não é bem conduzido. Como isso, promove o aumento na temperatura corporal, elevação da frequência respiratória, quebra rápida de glicose com queda do pH do músculo e aceleração da desnaturação proteica e do rigor mortis. A soma disso tudo afeta a maciez, a coloração e a redução de vida útil da carne bovina.
Garanta o bem-estar animal dos bovinos!
A noção de bem-estar animal nos leva a uma conclusão bastante simples: o gado que está bem, produz bem. Há algumas décadas percebeu-se que bovinos criados em condições ideais, que respeitam a saúde física e mental, produzem carne e leite de melhor qualidade e em maior quantidade.
Em suma, a atividade pecuária é alicerçada em três bases sólidas: genética, nutrição e sanidade. Porém, o pano de fundo dessa cadeia produtiva é o bem-estar animal dos bovinos. Quando recebem o tratamento adequado, seus produtos têm a qualidade exigida pelos consumidores e a quantidade almejada pelo produtor.
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