duas especialistas em agricultura indoor
Belgo Arames
Publicado por: Belgo Arames
Conheça a tendência da agricultura indoor

O homem busca melhorias desde que começou a manipular o solo para o cultivo de alimentos e a obtenção de matérias-primas. Naturalmente, a capacidade de se adaptar a diferentes cenários alterou a estrutura de alguns processos realizados no campo. É o que vem ocorrendo com a prática da agricultura indoor.

Você já ouviu falar desse termo? Trata-se de uma tendência que, assim como a pecuária 4.0, tira proveito da tecnologia para otimizar várias etapas de um sistema produtivo. Os benefícios incluem desde aumento da produtividade até a facilitação do trabalho com as culturas agrícolas.

Para nos aprofundarmos nas vantagens e no funcionamento desse modelo, conversamos com Ubiraci Fernandes, diretor comercial da Cia. do Produtor. Acompanhe e tire suas principais dúvidas!

O que é a agricultura indoor?

A palavra inglesa remete a algo interno, ou seja, fechado e limitado a determinado espaço. Isso já fornece uma boa pista sobre o conceito, que, dependendo da região, também recebe a denominação de vertical farm (fazenda vertical) ou plant factory (fábrica de plantas).

De acordo com Ubiraci Fernandes, o formato nada mais é do que “um modelo de produção protegida em estufas.” Essa forma de agricultura se diferencia da tradicional por ser desenvolvida em ambiente protegido e controlado, “O plantio é protegido de chuvas, ventos e faz menor uso de agrotóxicos”, explica Fernandes. Assim, as plantas crescem livres da ação de intempéries como chuvas, ventos e sol excessivo.

Recursos como luz, água e nutrientes são regulados conforme as necessidades da espécie cultivada. Dessa forma, há menor interferência da sazonalidade de culturas e das variações do clima de cada região. A prática indoor também costuma ser feita com menos defensivos agrícolas por facilitar o combate a pragas.

Como esse tipo de cultivo funciona?

O plantio acontece em instalações equipadas com sistemas que ajudam a monitorar as condições ambientais em espaços fechados. Nesse modelo, a tecnologia é crucial para manter tudo sob controle e favorecer a produção — cuidando de fatores como umidade do ar, temperatura e concentração de CO2.

As mudas ou sementes podem ser colocadas em vasos, no próprio solo ou em slabs (espécies de sacos que, normalmente, suportam até 60kg de substratos) de diferentes tamanhos. A escolha do melhor recipiente vai depender das especificidades de cada projeto. A disposição das plantas também pode variar, ocorrendo em fileiras únicas ou em camadas sobrepostas.

Vários países já contam com atividades de agricultura indoor, incluindo o Brasil. As empresas têm investido no modelo de produção protegida principalmente por conta de sua adaptabilidade. Isso porque, com um bom planejamento, as estufas podem ser construídas e mantidas até em áreas urbanas.

Apesar de muitas dessas fazendas contarem com adubação orgânica, existem sistemas que dispensam o uso de terra ou substrato. É uma solução atrativa para o cultivo em espaços compactos, já que a nutrição dos vegetais passa a ser garantida por técnicas como a hidroponia ou a aeroponia.

Quais benefícios proporciona?

“Entre os principais benefícios, podemos listar o menor uso de agrotóxico, maior garantia de produção, melhor qualidade da produção e melhor condição de programação”, destaca o especialista. O cultivo em estufas pode revolucionar o modo como a agricultura é pensada e aplicada no mundo. Em espaços fechados e com alto grau de automação, fica muito mais fácil criar as condições ideais para o desenvolvimento de certas culturas. Veja, a seguir, os principais benefícios desse método.

Facilita o planejamento

A agricultura indoor se baseia no uso de aparelhos e de sistemas que permitem programar a oferta dos insumos essenciais à produção. Por meio da automação, é possível definir a quantia de nutrientes, a periodicidade de rega, o tempo de exposição à luz, entre outros detalhes.

Como resultado, esse monitoramento favorece o planejamento de cada fase do cultivo, desde o plantio até a colheita. Também fica mais fácil acompanhar o ritmo de desenvolvimento das espécies e prever quando estarão prontas para sair da estufa.

Reduz o desperdício de recursos

A perda de mudas tende a ser menor por conta da proteção fornecida pelo ambiente fechado, onde há pouca ou nenhuma interferência das intempéries e uma diminuição do ataque por pragas. Esse combate ao desperdício ajuda a baixar o preço final dos alimentos.

Outro recurso muito poupado nesse modelo é a água, principalmente nos sistemas de hidroponia e aeroponia — que, inclusive, reduzem o consumo de fertilizante. As estufas podem receber soluções para o reaproveitamento do volume usado no sistema de irrigação.

Também é importante destacar que um cultivo sem substrato dispensa a lavagem para higienização de folhas, frutos ou temperos após a colheita. Isso não só reduz o gasto de água, mas faz com que os vegetais acumulem menos umidade e tenham mais tempo de prateleira.

Aumenta a capacidade produtiva

O volume de produção por área é maior quando comparado ao das lavouras convencionais. Afinal, o espaço vertical das estufas costuma ser aproveitado ao máximo. E há cada vez mais estudos para otimizar a ocupação do ambiente interno sem perder qualidade e quantidade.

A ideia de preencher uma instalação com espécies diversas é valiosa para atender a locais mais afastados das fazendas e vias de distribuição. Assim, cria-se a possibilidade de construir estruturas fechadas em pequenas e em grandes cidades, de modo que os produtos fiquem mais próximos de quem vai comprar.

Uma consequência dessa distribuição é a redução de custos com logística, transporte e armazenamento, o que pode representar economia para produtores e consumidores. Os alimentos vão chegar aos mercados mais rápido e com menos danos, aumentando a satisfação do público.

Melhora a qualidade da produção

Na agricultura indoor, a tecnologia trabalha a favor do bom desempenho em cada etapa. Sensores, luzes de LED, visão computadorizada e até robôs estão entre as inovações disponíveis para garantir o perfeito funcionamento da cadeia e o desenvolvimento das hortaliças.

Com a automação, é possível gerar dados e elaborar relatórios para prever melhorias e orientar as tomadas de decisão. Dessa forma, o cultivo vai sendo aprimorado para gerar produtos mais homogêneos e de alta qualidade — muitos livres de pesticidas.

Outro aspecto que leva a bons resultados é o cuidado com a higiene nas operações. Salas fechadas, limpas e estéreis dificultam a invasão por insetos e reduzem o risco de contaminação. Essa realidade permite um controle eficaz contra doenças que afetam diferentes culturas.

Como aplicar o conceito?

Com a estrutura e os equipamentos adequados, a prática indoor tem potencial para funcionar em diferentes locais. “Pode ser aplicada definindo a cultura ideal, de acordo com seu clima, e, principalmente, buscando mão de obra especializada”, recomenda Ubiraci. Ele ressalta que esse tipo de cultivo precisa levar em conta o clima e as características específicas da região.

Sem um estudo aprofundado, a construção e a manutenção das estufas podem se tornar inviáveis. A busca por orientação e mão de obra especializada para implementar um sistema personalizado deve ser o primeiro passo, já que aumenta a chance de sucesso e a segurança em relação ao retorno do investimento.

O planejamento deve incluir todas as particularidades da agricultura em ambientes controlados. Isso inclui desde a interação das plantas com a intensidade da luz emitida pelas lâmpadas até a necessidade de repor ou de suplementar a atmosfera interna com gás carbônico.

Podemos concluir que a agricultura indoor, quando bem aplicada, é uma forma inteligente e lucrativa de usar as tecnologias no campo. “A tecnologia se apresenta no profissional da irrigação, nas medições de temperaturas, no controle de nutrientes e do menor uso de água, que pode ser captada e reaproveitada”, destaca o entrevistado. Com sua adaptabilidade, o conceito tem tudo para permanecer em alta e ganhar cada vez mais espaço entre as diversas formas de cultivo. “É uma tendência, em função de driblar alto índice de pragas e doenças, bem como climas desfavoráveis, principalmente com chuvas”, prevê Ubiraci Fernandes.

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