várias cabeças de gado
Belgo Arames
Publicado por: Belgo Arames
5 passos para obter uma pastagem de qualidade para o rebanho

Um dos grandes objetivos dos pecuaristas que criam seu gado no campo é oferecer pastagem de qualidade para o rebanho e, assim, suprir as suas exigências nutricionais. A nutrição é um fator determinante para a produtividade animal e, por isso, é essencial que o produtor faça um planejamento alimentar eficiente, bem como proceda às boas práticas de manejo de pastagens.

Para garantir uma forragem de alto valor nutricional, — que assegure um volume em quantidade e qualidade ideais para o rebanho —, é preciso estabelecer um programa de plantio que permita a melhor conservação da área e favoreça a colheita pelo gado. Ou seja, é necessário considerar as especificidades do rebanho e da propriedade, pois toda a produção dependerá disso.

Mas quais são os fatores que devem ser levados em conta na hora de fazer esse planejamento? Como obter uma pastagem de qualidade para os animais? Confira as dicas que separamos para você, a seguir!

A estratégia para ter um pasto uniforme

Antes de falarmos sobre as etapas de plantio, é preciso entender o que são as estratégias nutricionais. Um dos grandes desafios dos criadores de gado a pasto é garantir a produção de forrageira de qualidade e o consumo de energia apropriado durante o ano todo, certo? Pois bem, esse problema tem sido resolvido com a implementação do sistema de pastejo rotacionado.

Nesse método, a área é subdividida em piquetes que são ocupados um após o outro, com um número fixo ou variável de bovinos. Os piquetes, portanto, são utilizados em períodos alternados de pastejo e descanso.

A grande vantagem da estratégia do pastejo rotacionado é o maior controle sobre o sistema, a uniformidade na forrageira e, consequentemente, a maior eficiência dos pastejos. Isso porque, dessa forma, o produtor garante que o seu rebanho sempre terá acesso à fase mais produtiva e nutritiva da planta, aumentando o ganho de peso médio do gado.

Para que se consiga ter ainda mais eficiência com a prática, o produtor precisa escolher muito bem a forrageira, preparar o solo, proceder à semeadura e cuidar do primeiro pastejo. Veja o passo a passo no tópico a seguir!

Os 5 passos para ter uma pastagem de qualidade

Agora que você entendeu a importância de contar com uma estratégia para ter um pasto uniforme, veja a seguir quais são as etapas para alcançar esse resultado na sua fazenda!

1. Faça a amostragem do solo

Como dissemos na introdução, o planejamento do plantio de pastagem deve levar em conta as particularidades da propriedade. Sendo assim, levante as características da região e da área a ser plantada e identifique os aspectos limitantes, como estrutura do solo, regime pluviométrico, ocorrência de pragas etc.

Essas informações são determinantes para o sucesso da atividade. Caso sejam negligenciadas e a forrageira escolhida não se adequar às limitações da fazenda, a frustração e o prejuízo serão certeiros.

Então, faça a amostragem do solo (15 a 20 pontos em uma área de 20 ha) com camadas de 0-20 cm e de 20-40 cm de profundidade. Evite pontos próximos de malhadouros, bebedouros, cochos, formigueiros e demais regiões que não representem o quadro médio de fertilidade da propriedade.

A amostra deve ser encaminhada para um laboratório que fará a análise do solo e um especialista fará as recomendações de correção e adubação.

2. Escolha a cultura

A forrageira escolhida deve ser a que melhor se adapta às condições ambientais da região. De nada adianta escolher uma cultura que forneça bons índices de energia, mas que é pouco resistente a alagamentos ou a geadas, por exemplo.

E por que não escolher um capim que o gado gosta de comer? Os bovinos preferem a vegetação que apresenta muitas folhas e poucos colmos, o que facilita a sua bocada, mastigação e digestão. Além disso, são as folhas (principalmente as jovens) que alimentam e engordam o boi.

As pastagens mais apreciadas pelos bovinos são Paiaguás, Piatã e Marandu, seguidas de Decumbens, Humidícola e Xaraés. Entre os Panicuns estão o capim Mombaça, Massai, Zuri e Tanzânia.

Esse último é bem aceito pelos animais, pois, apesar de apresentar colmos mais grossos, é menos fibroso. O Tanzânia tem boa proporção foliar, alto conteúdo proteico e boa digestibilidade, o que proporciona ótimos ganhos de peso por cabeça. Outra vantagem é que ele é resistente à cigarrinha das pastagens e tem uma boa produção de sementes.

Os animais são bastante seletivos, portanto, evite as pastagens muito fibrosas e as que tenham muito tanino, pois isso afeta a palatabilidade e diminui a ingestão de capim.

3. Prepare o solo

Depois de escolhida a forrageira, para que você tenha uma pastagem de qualidade da sua fazenda é fundamental preparar o solo para recebê-la. Primeiramente, você precisa se certificar de que ele é protegido da erosão. E, depois de fazer a análise do solo, é preciso corrigi-lo e adubá-lo.

Retire a vegetação indesejada, controle os insetos e as pragas e distribua o calcário e o fósforo. Faça a aragem e, em seguida, a gradagem para descompactar o solo. Aplique, então, o potássio e o nitrogênio, faça uma gradagem niveladora e cuide da umidade do solo.

4. Proceda com a semeadura

Em primeiro lugar, a semente da forrageira deve ser de qualidade: vigorosa, saudável e livre de contaminação por qualquer impureza (como vermes e outras sementes). A forma como você vai semear pode ser variável (plantio a lanço, direto, em linha, em sulcos, semeadura aérea etc.), mas é de suma importância que as sementes sejam cobertas após o plantio ou que, pelo menos, seja feito o uso de um rolo compactador.

A taxa de germinação de sementes enterradas é muito maior do que a das jogadas na superfície do solo. Então, para que a semeadura seja eficiente e cubra bem o solo, o ideal é que as sementes sejam plantadas de 3 a 5 cm de profundidade.

Para ter certeza de que a forragem foi bem iniciada, constate, pelo menos, de 10 a 20 plântulas, se você escolheu uma braquiária, e de 30 a 40, caso tenha escolhido um dos panicuns.

5. Escolha o primeiro pastejo

Esse é o ponto final da formação da pastagem. O objetivo do primeiro pastejo é diminuir a competição da vegetação ao eliminar o excesso de plantas na área e proporcionar uma cobertura mais rápida. Isso se consegue antecipando o uso da forragem, ou seja, ocupando o piquete para que o gado tenha acesso ao alto teor nutritivo do capim.

Essa prática evita o tombamento da pastagem, pois permite a entrada de luz na base da forrageira, o que, por sua vez, estimula o seu perfilhamento e a sua melhor estruturação.

O piquete deve receber o rebanho entre 40 e 75 dias após a germinação do pasto e esse primeiro pastejo deve ser intenso, ou seja, muitos animais, mas por pouco período de tempo. Lembrando que, nesse momento, a entrada de animais é ligeiramente superior ao recomentado na pastagem estabelecida. Procure, também, entrar somente com animais leves para reduzir o arranquio das mudas e evitar a compactação do solo.

Destacamos que é difícil definir parâmetros para a tática, sendo o mais recomendado que o produtor observe a arquitetura das plantas. Quando as primeiras folhas começarem a se dobrar e o pasto deixar de ter o aspecto de folhas espetadas, entre com os animais.

Cabe ressaltar, também, que é fundamental fazer o manejo adequado da cultura. Para isso, monitore regularmente a pastagem quanto ao ataque de pragas e à infestação de ervas daninhas.

Além disso, lembre-se de fazer o manejo da cultura de acordo com a estratégia do pastejo rotacionado, respeitando os períodos de descanso em cada área para que a cobertura vegetal se recupere. Seguindo essas etapas, você conseguirá garantir uma pastagem de qualidade para o seu rebanho e aumentar a produtividade da sua fazenda.

Para que você alcance as metas de produção estabelecidas para o seu negócio, além de cuidar do pasto, é essencial prezar pelos animais. Por isso, conheça, agora, 3 técnicas para realizar o manejo racional de bovinos!

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