O sistema integrado de produção tem recebido mais atenção dos produtores brasileiros e a prática está em franco crescimento no setor agropecuário. Isso se deve ao fato de que a integração otimiza o uso da terra, eleva a produtividade, diversifica a produção, gera produtos de qualidade, sem contar que reduz os custos da atividade.
Essa estratégia une diferentes sistemas produtivos (pecuários, agrícolas e florestais) em uma mesma área, de forma que o manejo das pastagens, do solo e das culturas promove benefícios para todas as atividades.
Mas como funciona exatamente o sistema integrado de produção agropecuária? Quais são as vantagens em implementá-lo na propriedade? Continue a leitura, pois é sobre isso que falaremos a seguir!
O que é o sistema integrado de produção agropecuária?
O sistema integrado de produção agropecuária é uma estratégia produtiva que alia as atividades agrícola, pecuária e florestal em uma mesma área. O método tem como objetivo a otimização do espaço de terra e, por meio de práticas sustentáveis, promove o desenvolvimento social, econômico e ambiental.
A integração entre as atividades surgiu como alternativa para contornar o aumento dos custos de produção, bem como para alinhar o sistema ao mercado cada vez mais competitivo — que exige mais produtividade, qualidade e rentabilidade —, diminuindo os impactos ao meio ambiente.
Segundo a pesquisa da Embrapa realizada entre 2005 e 2015, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) teve um crescimento significativo nos últimos anos e ocupa, hoje, cerca de 11,5 milhões de hectares no Brasil. Os dados apontam que 84% dos pecuaristas estão satisfeitos com os sistemas produtivos.
Entre os motivos que têm levado os produtores a adotar o sistema integrado em suas propriedades se destacam:
- a redução dos impactos ambientais;
- a recuperação das pastagens;
- a rotação de culturas por necessidade técnica;
- o aumento da rentabilidade por hectare;
- a diminuição do risco financeiro.
Como esse sistema funciona?
Existem quatro combinações possíveis de sistema integrado de produção. Veja a seguir!
Integração lavoura-pecuária (ILP) ou sistema agropastoril
É a combinação da pecuária com a agricultura. É de longe o sistema mais utilizado no país, representando em torno de 83%. É definido com a diversificação, a rotação, o consórcio e/ou a sucessão das atividades, possibilitando a exploração econômica do solo durante todo o ano. Esse sistema favorece o aumento na oferta de grãos, de leite e de carne a um custo mais baixo, devido à sinergia entre pastagens e lavoura.
A maioria das propriedades produz silagem ou grãos na primavera e no verão, e forrageiras no outono e no inverno. O produtor pode fazer o consórcio ou a rotação de cultivares graníferos com forrageiras para implantar pastagens ou para recuperá-las. Com essas mesmas práticas o pecuarista pode, ainda, produzir cobertura morta para o solo (de qualidade e em quantidade) para o sistema de plantio direto da safra subsequente.
Integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) ou sistema agrossilvipastoril
Além da combinação das práticas agrícolas e pecuárias citadas no tópico anterior, o produtor agrega espécies arbóreas na mesma área das pastagens, que também são ocupadas pelo gado. Correspondem a 9% das propriedades brasileiras com sistema de integração.
A arborização das pastagens melhora a fertilidade do solo, serve de divisa e barreira quebra-vento, diminui a erosão, melhora a preservação da água, reduz a necessidade de fertilizantes, captura e fixa carbono atmosférico, melhora o conforto do rebanho e aumenta a biodiversidade.
Há, pelo menos, 51 espécies de árvores que são utilizadas no Brasil para a integração lavoura-pecuária-floresta, podendo ser escolhidas com objetivo de explorar produtos madeireiros e não-madeireiros (aumentando a renda do negócio), ou não.
Integração floresta-pecuária (ILP) ou sistema silvipastoril
Nesse sistema, há a arborização das pastagens, mas sem a atividade agrícola associada. Cerca de 7% das fazendas utilizam esse sistema.
A inclusão do componente florestal promove os inúmeros benefícios ambientais e socioeconômicos citados acima, refletindo na melhor eficiência do uso da terra. No atual cenário de mudanças climáticas, essa integração causa um impacto positivo, pois regula o microclima da região e sequestra o carbono da atmosfera.
Os eucaliptos, por exemplo, aumentam a remoção de CO2 atmosférico e conferem maior conforto térmico ao rebanho. Além disso, as árvores ampliam a fixação do carbono e, dessa forma, atenuam a emissão dos gases de efeito estufa produzidos pelos bovinos.
Integração lavoura-floresta (ILF) ou sistema silviagrícola
Por fim, esse sistema integra as atividades agrícolas e florestais, sem a atividade pecuária. Há o consórcio de espécies arbóreas e cultivares agrícolas perenes ou anuais. Geralmente é implementado em áreas degradadas, de propriedades que plantam grãos (milho, soja, arroz e feijão caupi). Nas entrelinhas, plantam-se as espécies arbóreas adaptadas às condições climáticas locais.
Quais os benefícios do uso do sistema integrado de produção agropecuária?
Chegando até aqui você já deve ter percebido os diversos benefícios que o sistema integrado de produção propicia, não é mesmo? Mas muito bem, vamos listá-los:
- melhora o bem-estar animal, devido ao conforto térmico e à ambiência;
- aumenta a produtividade do rebanho, devido ao seu bem-estar;
- otimiza e intensifica a reciclagem de nutrientes do solo;
- melhora a qualidade e preserva as características produtivas do solo;
- mantém a biodiversidade da região;
- promove a sustentabilidade do sistema agropecuário;
- diversifica a paisagem;
- melhora a qualidade do solo e da água;
- possibilita a redução do uso de agrotóxicos;
- reduz a vulnerabilidade aos riscos climáticos;
- diversifica a produção do negócio;
- promove o aumento de renda do produtor;
- reduz os riscos de mercado;
- reduz os custos de produção em médio e longo prazo;
- aumenta a produção de grãos, fibras, matéria orgânica, leite, carne e produtos madeireiros e não-madeireiros;
- confere uma maior eficiência no uso dos recursos naturais;
- reduz a pressão por abertura de novas áreas cobertas de vegetação nativa;
- reduz a sazonalidade no uso de mão de obra;
- gera empregos diretos e indiretos;
- aumenta a competitividade do agronegócio brasileiro;
- contribui para a segurança alimentar do país;
- é flexível, permitindo ser adaptado para diversas realidades produtivas;
- melhora a qualidade de vida do produtor e sua família.
Não é pouca coisa, concorda? Não é à toa que o sistema integrado de produção tem sido cada vez mais adotado na agropecuária. Para suprir a crescente demanda por alimentos sem comprometer severamente a sustentabilidade dos ecossistemas, a integração agrícola, pecuária e florestal é fundamental para garantir a continuidade das atividades. Caso contrário, o agronegócio corre o risco de colapsar devido aos problemas que ele mesmo causou.
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