Você sabe o que é mastite bovina e como ela impacta na produtividade do pecuarista? A produção pecuária é repleta de desafios. Afinal de contas, há uma série de fatores que exigem bastante atenção por parte de quem empreende no setor e quer obter lucro com a sua atividade — a exemplo das doenças que podem afetar a saúde dos animais, a qualidade do leite e, principalmente, comprometer a rentabilidade da produção.
De acordo com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), a mastite bovina é uma das enfermidades mais comuns em rebanhos no Brasil. Uma das principais consequências dessa doença é o comprometimento da produção leiteira e da rentabilidade da atividade pecuária no país. A vaca infectada pode deixar de produzir até três litros de leite por dia e a saúde do animal fica comprometida, o que também pode interferir no seu valor de mercado.
Neste artigo, apresentamos as principais causas e sintomas dessa patologia, os riscos que ela oferece para a rentabilidade das fazendas e as suas principais formas de prevenção. Confira!
O que é mastite bovina?
A mastite bovina é uma patologia que gera uma inflamação nas glândulas mamárias. Essa condição interfere na produção de leite e agrava a saúde do animal, que eventualmente pode perder um ou mais quartos mamários em função da fibrose e até sofrer uma morte prematura.
A doença é causada por um agente patógeno que acessa a glândula mamária do animal, seja por meio do orifício do teto seja pelo sangue. A mastite pode ter variações conforme a sua origem e as condições de manutenção e de saúde do animal, o que também gera diferentes resultados para a atividade pecuária.
Quais são os tipos de mastite bovina?
A mastite bovina pode ser classificada de três formas:
- clínica;
- subclínica;
- crônica.
A primeira delas é caracterizada por reunir evidências claras, cujo diagnóstico tende a ser rápido. Os sintomas inflamatórios ficam evidentes e a secreção do leite é alterada, tanto na quantidade quanto no aspecto.
As subclínicas são ameaças que exigem grande cuidado, pois não têm sinais visíveis a olho nu. Sendo assim, alguns produtores demoram a percebê-las e procurar ajuda especializada, o que pode trazer complicações.
Essa condição é o tipo que aparece com maior frequência. Isso porque ela diminui a produção leiteira em até 45% e é responsável por algo em torno de 70% das perdas causadas por mastite, conforme dados levantados pela Embrapa.
A crônica, por sua vez, é uma mastite subclínica que persiste ao longo do tempo. Ela pode alternar sua manifestação com a forma clínica da doença, sendo bastante perigosa. Por conta da fibrose tecidual, ela pode levar à perda de função do quarto mamário e transformar esses animais em fontes de contaminação.
Além da classificação quanto à gravidade do quadro, a mastite bovina pode ser avaliada pela origem do agente patógeno (ambiental ou contagiosa):
- mastite contagiosa: Staphylococcus aureus, Streptococcus agalactiae, Staphylococcus coagulase negative, Mycoplasma spy, Corynebacterium bovis;
- mastite ambiental: Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Enterobacter aerogenes, Proteus spp, Pseudomonas spp, Streptococcus uberis, Streptococcus dysgalactiae, leveduras, algas e fungos.
Quais são as causas e sintomas da mastite bovina?
Ao analisarmos a biologia animal, sabemos que a glândula mamária destina-se exclusivamente à alimentação dos bezerros. Por esse motivo, a produção natural de leite limita-se à quantidade de 3 a 6 litros por dia.
Entretanto, houve um aumento da capacidade de produção leiteira para fins econômicos e da produtividade das fazendas. Isso graças ao avanço da zootecnia e da tecnologia, que associa o melhoramento genético às melhores práticas de manejo.
Qualquer mudança na biologia animal deve ser acompanhada pela melhoria de suas condições de saúde. Com o aumento da produção leiteira, o pecuarista deve estar atento aos cuidados com o sistema de sustentação das glândulas mamárias da vaca.
Além disso, é preciso considerar o aumento do consumo de alimentos de maior qualidade nutricional e, principalmente, a proteção do úbere quanto à incidência de vida microbiana, que pode gerar infecções bacterianas no local.
As causas da mastite bovina dependem de vários motivos. A doença pode ser transmitida durante a ordenha da vaca, seja pela máquina contaminada ou por uma manipulação incorreta feita pelos trabalhadores. Além disso, durante os períodos de seca, ela é comumente originada pelos micro-organismos que vivem no ambiente.
Cada quarto mamário é uma glândula não interligada com as demais. Dessa forma, a mastite pode afetar o teto separadamente enquanto as outras estão normais. A infecção bacteriana do úbere pode ser combatida com o próprio sistema de defesa do animal. Entretanto, outras infecções têm propensão ao agravamento do caso ou até recidivas, que podem culminar com a morte prematura da vaca.
Por isso, compreender os sintomas e as causas é fundamental para quem trabalha com a pecuária. Em casos de mastite clínica, alguns sintomas ficam evidentes, como as alterações no leite (coágulos ou pus) e os sinais de vermelhidão e inchaços nas glândulas mamárias. Outros indícios mais perceptíveis são a falta de apetite e a febre do animal.
Como mencionado, a modalidade de mastite subclínica é quase impossível de identificar apenas com uma avaliação visual. Ainda assim, o animal pode ser diagnosticado por meio da contagem de células somáticas (CCS) — procedimento veterinário que analisa a quantidade das células de defesa no organismo. Se os números estiverem elevados, a enfermidade terá grande possibilidade de diagnóstico.
Quais riscos ela traz para a produtividade pecuária?
Além de produzir um leite de baixa qualidade, uma fazenda tomada pela mastite bovina corre sérios riscos de ver seu desempenho despencar. Por isso, considerando que a produção pode cair até 45%, se essa for a única atividade realizada em sua propriedade, saiba que tal porcentagem certamente atingirá sua margem de lucro.
Considerando o fato de a doença ser contagiosa, os cuidados preventivos se tornam ainda mais necessários. Nesse caso, se perder um animal em virtude do problema pode não parecer tão prejudicial, imagine ter todo o rebanho contaminado.
Se as recomendações de produção leiteira forem ignoradas ou feitas de maneira inadequada, o consumidor também será afetado, tendo em vista que sua saúde ficará exposta a perigos químicos consideráveis. E não é isso que você quer, certo? Portanto, todas as precauções são bem-vindas.
Como prevenir a mastite bovina?
Agora que você já sabe o que é mastite bovina, quais são suas principais manifestações e causas, é hora de entender como preveni-la. Em primeiro lugar, é preciso considerar que as boas práticas de manejo bovino são fundamentais para prevenir quaisquer doenças e evitar a contaminação do rebanho. Outras medidas úteis são:
- realizar, constantemente, testes clínicos com o apoio de especialistas;
- desinfectar as telas antes de ordenhar;
- fazer tratamento de secagem;
- manter a higiene das instalações em dia;
- fazer com que as vacas fiquem de pé por um tempo após ordenhadas;
- deixar os animais hidratados;
- ter boa ventilação nas estruturas;
- secar os equipamentos e mantê-los higienizados de acordo com instruções dos fabricantes.
A ordenha também precisa ser alterada: vacas saudáveis recebem prioridade. Em seguida, vêm as que têm a variação subclínica. As afetadas pela mastite clínica devem ser as últimas.
Além disso, a alimentação e os cuidados com a pastagem também merecem total atenção. Afinal, os animais criados com bons hábitos nutricionais são mais resistentes a fungos, bactérias e patógenos infecciosos.
Como uma fazenda exemplar lida com o controle da mastite?
Uma fazenda exemplar lida com o controle preventivo da mastite bovina. Isso pode ser realizado a partir de informações, como idade do animal, aumento da taxa de produção leiteira e nível de criticidade associado ao período de lactação.
Além delas, também deve-se considerar casos anteriores de mastite — aumentam as chances de recidiva —, diagnóstico de mastite subclínica crônica — identificada por meio da análise de índices históricos de CCS — e características morfológicas do úbere e dos tetos.
Com essas informações, o pecuarista poderá antecipar diagnósticos de mastite clínica e efetivar registros individuais dos animais. Eles embasarão as decisões de tratamento, principalmente em função de fatores que favoreçam a cura, como medicação antibiótica e alterações ambientais.
Além disso, é necessário fazer uma análise mais criteriosa. Isso porque, algumas vezes, o descarte da vaca também precisa ser considerado para minimizar a tendência de disseminação de patógenos no restante do rebanho.
Qual o tratamento da mastite bovina?
Assim que uma vaca for diagnosticada, é preciso usar técnicas de manejo para evitar que as demais também sejam vítimas da doença. Na maioria dos casos, realizam-se tratamentos com antibióticos ou antimicrobianos via intramamária, conduzidos por profissionais de medicina veterinária.
Porém, tudo depende do micro-organismo causador e se a mastite foi diagnosticada como clínica, subclínica ou crônica. De qualquer modo, a prevenção dá resultados melhores em diferentes sentidos — do ponto de vista econômico, inclusive.
Lembre-se de que aplicar remédios de forma irregular pode agravar o problema em vez de resolvê-lo. Sendo assim, não execute o processo se você não tiver a experiência e/ou o conhecimento técnico necessário.
Afinal, você não quer colocar a produtividade em risco, certo? Vale ressaltar que os cuidados preventivos também são a única saída para assegurar a qualidade do leite.
Agora que você já sabe o que é mastite bovina, comece a trabalhar com as ações de prevenção, contando com a ajuda especializada de veterinários. Assim, você receberá um diagnóstico preciso e a produtividade do negócio não será prejudicado!
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