pastejo rotacionando
Belgo Arames
Publicado por: Belgo Arames
Conheça os benefícios do pastejo rotacionado

O pecuarista que deseja ter um empreendimento lucrativo e competitivo no mercado precisa focar estratégias nutricionais para garantir o desempenho do rebanho. Uma das maneiras mais eficientes de fazer isso é aplicar o sistema de pastejo rotacionado, no qual o respeito às necessidades da forrageira asseguram a produtividade dos bovinos.

Esse sistema de lotação foi desenvolvido com o objetivo de atender às exigências da planta em primeiro lugar. Contudo, ao dar à vegetação uma oportunidade para se recuperar, o produtor promove uma dieta mais rica ao seu gado. Com alimento mais nutritivo ao longo de todo o ano, você já sabe qual o resultado, não é?

Mas como funciona, afinal, o pastejo rotacionado? Quais são os benefícios que a prática traz para a fazenda e para o negócio? Continue a leitura e entenda!

O que é o pastejo rotacionado?

O pastejo rotacionado é um sistema que consiste em dividir a área de pastagem em piquetes utilizados de forma alternada — ora submetidos a um período de pastejo, ora a um período de descanso.

O sistema foi criado para priorizar as necessidades das forrageiras, porém hoje podemos destacar outros grandes objetivos, tais como:

  • fornecer alimento regular e nutritivo para o gado, durante o ano todo;
  • aumentar o rendimento da pastagem por unidade de área;
  • reduzir a degradação das pastagens, aumentando a longevidade do sistema;
  • conservar a fertilidade do solo.

Quem trabalha com bovinos no campo sabe que o sistema de pastejo é influenciado pelo clima, pelas condições do solo, pelas características da forrageira e pela atividade dos animais. O manejo de pastagens é uma ferramenta que funciona como lubrificante para essa engrenagem girar com facilidade, ou seja, o pastejo rotacionado é uma forma de contornar os efeitos da inter-relação desses fatores.

A maioria dos sistemas de produção em pasto foi estabelecida com um mau manejo desses elementos, o que levou à rápida degradação do solo e à baixa produtividade dos animais. Como consequência, a competitividade e a lucratividade dos negócios foram reduzidas.

As novas alternativas de uso do solo — como o pastejo rotacionado — vêm com foco no respeito à fisiologia da forrageira que, naturalmente, leva a uma maior longevidade do pasto. Isto é, o sistema de produção não tem fim, desde que o produtor realize um bom manejo de suas pastagens. 

Como fazer o pastejo rotacionado?

Para instalar o sistema de pastejo rotacionado, é preciso fazer um planejamento estratégico, levando em consideração diversos fatores, como:

  • espécie da forrageira;
  • categoria produtiva dos animais;
  • tamanho do rebanho;
  • capacidade de suporte da pastagem;
  • topografia do terreno etc.

É recomendado que o pecuarista tenha o auxílio de um especialista para avaliar todas essas variáveis em conjunto.

Depois de escolher o melhor tipo de pastagem para a sua criação, veja algumas dicas para instalar o pastejo rotacionado na sua fazenda.

Divida a área e cerque os piquetes

O número dos piquetes deve levar em conta o período de descanso (PD) da pastagem na época das chuvas e o período de ocupação (PO). O PD varia conforme a espécie da forrageira e as condições de fertilidade do solo, enquanto o PO depende da categoria animal e da finalidade produtiva. 

Por exemplo, para gado de corte, o período de ocupação pode ser de até uma semana, com período de descanso de 35 dias. Já para gado leiteiro, o período de ocupação deve ser apenas um dia, pois intervalos maiores ocasionam flutuação na produção de leite e prejudicam o crescimento do pasto.

Sendo assim, o número de piquetes pode ser calculado com a fórmula:

Número de piquetes = (PD÷PO) + 1

O tamanho dos piquetes é definido de acordo com a produção esperada para a forrageira e o consumo do pasto, que depende do número de animais, categoria produtiva e qualidade da planta.

De forma geral, o formato deve ser quadrado ou retangular, mas nunca muito alongado, pois o perímetro encarece o cercamento e obriga o rebanho a andar mais sobre o pasto. As cercas elétricas são uma ótima opção, pois o custo é mais baixo em relação às convencionais, quando o assunto é divisão de grandes áreas.

Corrija a fertilidade do solo

É essencial corrigir a fertilidade do solo antes de semear a forrageira escolhida. Planeje-se durante a época das secas para que, quando as chuvas chegarem, a pastagem consiga se desenvolver plenamente.

Comece pequeno e planeje o pastejo

Lembre-se de ir com calma para não correr grandes riscos. Adquiria experiência, aprenda a manejar, a adubar e a colher o pasto para, então, adotar inteiramente o pastejo rotacionado.

A prática exige um certo conhecimento empírico do pecuarista, já que o período para ocupação do piquete varia de acordo com a espécie da forrageira. É preciso pesquisar a altura ideal de cada planta na entrada e na saída do rebanho, mas conhecer a arquitetura da planta e observar o campo é essencial.

As folhas mais velhas não podem estar dobradas nem amareladas; quanto mais madura a planta, menos nutritiva e mais fibrosa ela é, o que reduz o consumo e compromete a nutrição dos animais.

Da mesma forma, um pasto muito alto não será consumido, pois os bovinos não consomem plantas tombadas. No geral, quando a forrageira está com o aspecto espetado, é hora de entrar com o gado.

Faça o ajuste na lotação e adube o pasto

Sempre observe o comportamento e o consumo do pasto pelo gado. Faça ajustes na lotação dos piquetes sempre que notar queda na produtividade da forrageira e, dependendo das condições do solo da sua propriedade, faça a adubação de reposição.

Outro ponto importante a destacar é a localização dos piquetes, principalmente para quem tem uma produção de leite a pasto. A distância entre o piquete mais distante e a sala de ordenha ou o bebedouro não deve exceder 500 m, pois, a cada quilômetro percorrido, a produção de leite cai em ¼ de litro, devido ao consumo de energia que poderia ser direcionada à produção de leite.

Em ambos os sistemas (corte ou leite), lembre-se, também, de fazer um planejamento de ambiência e de bem-estar para cada piquete. Instale o cocho de sal mineral, forneça uma área sombreada (indispensável para o conforto térmico do gado e bom para diminuir a exposição solar das forrageiras) e jamais esqueça de fornecer água fresca e abundante.

Quais são as vantagens de utilizar essa técnica?

Se você ainda tem dúvidas quando às vantagens de instalar o pastejo rotacionado na sua propriedade, veja só alguns dos benefícios que a prática traz:

  • proporciona maior controle sobre a quantidade de forrageira disponível;
  • confere maior uniformidade e eficiência das pastagens;
  • reduz as perdas de pastagem devido ao pisoteio intenso do rebanho;
  • oferece maior chance de recuperação do pasto — após o período de descanso, a vegetação rebrota mais vigorosa, mais nutritiva e mais resistente à época da seca;
  • evita as perdas de pastagem resultantes tanto do superpastejo quanto do subpastejo, devido à uniformidade do pasto;
  • diminui a ocorrência de plantas invasoras, pois um pasto mais vigoroso é mais competitivo, o que dá menos chance de ervas daninhas se estabelecerem;
  • proporciona maior qualidade do solo e maior longevidade da pastagem, o que elimina a necessidade de investir em recuperação (que são práticas onerosas);
  • ocasiona melhor distribuição das excretas dos animais, conferindo uma reposição nutricional para o solo;
  • garante maior ganho por área (maior produtividade).

Como você pôde notar, não são poucas as vantagens, não é mesmo? Conhecendo a fundo essa estratégia, você percebe que o sistema de pastejo rotacionado é sinônimo de alimento para o gado, em qualquer época do ano.

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