homem passando veneno
Belgo Arames
Publicado por: Belgo Arames
Liberação do glifosato: entenda a polêmica acerca do defensivo agrícola

O Brasil é um país que utiliza muitos herbicidas e pesticidas. Contudo, enquanto a aprovação de algumas dessas substâncias vêm acontecendo cada vez mais rápido, outras passam a ser proibidas.

O glifosato, por exemplo, é herbicida que vem gerando muitas controversas desde 2015, quando uma pesquisa o associou ao desenvolvimento de câncer. Sendo assim, diversos países, entre eles o Brasil, vetaram o uso da substância. O debate se estendeu por diversos anos. Contudo, em 2019, seu uso foi autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Tendo em vista a todas as polêmicas envolvendo a liberação do glifosato, produzimos esse post para explicar onde tudo começou e como chegamos a atual situação. Confira!

Qual a finalidade do glifosato?

O glifosato é um defensivo agrícola usado em lavouras com o objetivo de eliminar plantas daninhas. Sendo ainda mais específico, ele é considerado um herbicida não-seletivo, ou seja, que consegue atacar a maioria das plantas invasoras. Isso acontece porque seu princípio ativo impede o desenvolvimento de determinadas proteínas pelas plantas daninhas.

Na década de 1970, quando essa substância foi descoberta pela indústria, seu uso requeria muito cuidado, pois também atacava a cultura da lavoura. Contudo, com o avanço da tecnologia e a chegada das sementes transgênicas, o glifosato passou a ser utilizado como forma de antecipar a colheita de soja, caso ela ainda estivesse verde.

Grande parte dos produtores rurais afirmam, inclusive, que seria impossível alcançar a atual escala de produção agrícola brasileira sem o glifosato. Esse é o real motivo do uso em alto volume, juntamente ao seu preço no mercado — que se tornou acessível após o defensivo agrícola ter a patente quebrada.

Por que a substância foi proibida?

A polêmica da liberação do glifosato começou 20 anos após o início do uso deste herbicida por parte dos produtores. Mais especificamente em 2015, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou um estudo em que a Agência Internacional para Pesquisa do Câncer (IARC) afirmava que a substância seria um “provável causador de câncer”.

A partir deste momento, várias agências reguladoras, de diferentes países, passaram a realizar pesquisas a fim de compreender melhor os impactos desse defensivo agrícola na saúde humana.

No ano seguinte à publicação polêmica, a agência reguladora da Europa considerou que a substância era segura para a saúde humana desde que houvesse baixo volume de resíduos nos alimentos. Além disso, a OMS e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) também se manifestaram positivamente em relação ao uso do glifosato em níveis reduzidos.

Liberação do glifosato no Brasil

Enquanto isso, no Brasil, a Anvisa realizava, desde 2008, a reavaliação do glifosato. Porém, com a primeira publicação da OMS, a Justiça Federal determinou em primeira instância que o registro do produto fosse suspenso pela União e que houvesse a sua retirada do mercado.

Contudo, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) suspendeu tal liminar da Justiça Federal por considerar que os impactos à economia do país seriam profundos. Eis que, então, a Anvisa afirmou que o glifosato não apresentava riscos. Logo, a substância ficou oficialmente liberada para comercialização e aplicação no país.

Apesar dos estudos realizados e publicados por parte da Anvisa, com consulta pública, há pesquisadores que seguem com posicionamento contrário e buscam comprová-lo por meio de suas pesquisas.

A polêmica também começou a ir além da liberação do glifosato. Parte das discussões atuais se refere à quantidade de herbicida aplicada. De acordo com o grupo “antiglifosato”, o Brasil permite um volume bem mais alto que outros países da Europa.

O que é preciso para revender o herbicida?

Agora que o glifosato está liberado oficialmente para venda, você precisa ter conhecimento sobre alguns pontos que podem auxiliá-lo na comercialização da substância, assim como dos demais herbicidas disponíveis em sua loja. De modo resumido, não há mistério para a revenda do glifosato. É preciso ter planejamento e conhecimento sobre o produto. Veja!

Compra de empresas registradas

Atualmente, há 50 empresas que possuem registro para a comercialização do glifosato. O lojista deve comprar o produto de uma dessas empresas licenciadas e reconhecidas pela Anvisa. Dessa maneira, garante-se a eficiência do herbicida, bem como a segurança da equipe que o manuseará na lavoura e do consumidor final.

Conhecimento sobre a aplicação

É fundamental que todos os vendedores que trabalham na loja conheçam o funcionamento e aplicação do glifosato. Então, apostar em cursos de capacitação acerca da substância é uma ótima alternativa, pois ajudará os colaboradores a fazerem uma venda mais consultiva, sabendo como agir em caso de adversidades.

Além disso, cada fabricante pode ter recomendações específicas para o manejo correto da substância. E é importante que os vendedores estejam a par de todas essas orientações — que constam no rótulo, bula e receituário do glifosato.

É importante, ainda, que o vendedor saiba que para cada planta há uma quantidade específica da substância que deve ser utilizada. Por último, mas não menos importante, é preciso que esteja ciente de quanto tempo antes do plantio o glifosato deve ser aplicado.

Venda de equipamentos de aplicação e segurança

Para garantir a segurança do produtor rural e a aplicação correta do glifosato, tenha disponível para venda equipamentos de proteção individual (EPIs). Óculos, luvas, máscaras de proteção respiratória, macacão de algodão e botas de borracha são fundamentais sempre que for fazer o manuseio do defensivo agrícola. E lembre-se: sua aplicação deve ser sempre realizada com pulverizadores.

Planejamento

Um dos pilares para o sucesso da produção rural é o planejamento. Os produtores estão sempre pensando no próximo plantio. Como consequência, o revendedor também deve conhecer o calendário em questão, para disponibilizar todos os produtos necessários no tempo certo.

Por mais polêmica que seja a liberação do glifosato no cultivo de grãos em diferentes países, a substância tem papel muito importante na economia brasileira, representando cerca de 5% do PIB do país. Porém, os cuidados com aplicação não devem ser descartados a fim de garantir a segurança dos que trabalham com a substância e também dos consumidores finais.

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