Quem trabalha com gado provavelmente já ouviu falar na febre aftosa. Conhecida por causar prejuízos enormes para os fazendeiros, ela surge como um obstáculo que precisa ser contornado por quem lida diretamente com a produção de corte e/ou de leite. Afinal, não basta escolher o melhor tipo de pastagem ou estruturar um sistema de confinação perfeito: é preciso cuidar da saúde dos animais.
Pensando nisso, elaboramos este artigo sobre os sintomas e o contágio dessa preocupante enfermidade. Durante a leitura, você descobrirá o que deve ser feito no tratamento e quais cuidados preventivos tomar. Quer saber mais? Continue a leitura!
O que é a febre aftosa?
A febre aftosa é uma doença originada por um vírus do gênero Aphtovirus: ele pertence à família Picornaviridae e é um dos menores vírus conhecidos até hoje.
Uma de suas principais características é a capacidade de resistir às temperaturas extremas. Se congelado, ele sobrevive. No calor, ele só se torna inativo a partir dos 50 graus. Como se não bastasse, em ambientes externos, ele pode sobreviver até um mês caso encontre condições favoráveis.
Altamente contagiosa, ela atinge os animais com dois dedos, também conhecidos como biungulados. Em geral, as espécies mais afetadas são os bovinos — seja os de corte, seja os leiteiros — e suínos.
Quais são os tipos existentes da doença?
Os especialistas consideram que existem 7 tipos da febre. São eles:
- O;
- A;
- C;
- SAT-1
- SAT-2;
- SAT-3;
- Ásia-1.
O tipo O é tratado como o mais comum em diversos países, ao passo que os quatro últimos — SAT-1, SAT-2, SAT-3 e Ásia-1 — dificilmente aparecem em regiões brasileiras. O tipo A e o C, junto ao O, são predominantes na América Latina.
Como ela age e quais são os sintomas?
Dentro do organismo do animal, o vírus sobrevive nos gânglios e na medula óssea, locais nos quais o pH é mais neutro. Contudo, em locais mais ácidos, com o pH acima de 6, o vírus perde a força e morre, algo que pode ser notado nos músculos dos animais.
A taxa de mortalidade entre os infectados é relativamente baixa e a morte só se dá nos casos já adiantados. Apesar disso, caso o rebanho tenha apenas um animal doente, é bastante provável que os outros também sejam contaminados e apresentem sintomas — o que tende a ser péssimo em termos de produtividade e resultados financeiros.
O principal indício da doença é uma febre altíssima, que só perde força depois de 3 dias. Depois disso, aparecem pequenas bolhas na gengiva, na boca, na laringe, nas narinas e ao redor dos cascos do animal. Quando elas se rompem, deixam feridas expostas e o líquido que vaza delas está infectado.
Os animais infectados também começam a babar e espalham saliva, que está contaminada. Eles também mancam demais, por conta dos ferimentos ao redor dos cascos. Por consequência, passam a andar e a comer menos, o que leva à perda progressiva de peso.
Vale ressaltar que animais jovens, quando estão infectados, estão propensos a sofrer uma miocardite — uma inflamação no músculo do coração —, que pode causar a morte de maneira absolutamente rápida.
Como acontece o contágio?
Em dado momento da enfermidade, as bolhas se arrebentam e liberam um líquido repleto do vírus. Por meio dessa secreção e da saliva, a febre aftosa é disseminada no ambiente, podendo não só contaminar os outros animais do rebanho, mas também animais domésticos e até mesmo os colaboradores e as pessoas que vivem nas proximidades.
De quais formas a febre aftosa prejudica a produtividade e a rentabilidade?
Embora tenha uma baixa letalidade, a febre é uma ameaça para os produtores por inúmeros motivos. Afinal, ela causa danos à saúde dos rebanhos e é, portanto, nociva à produtividade e à rentabilidade da criação.
De acordo com um estudo divulgado em 2007 na revista INTERthesis — publicação da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) —, quase todos os animais expostos ao vírus adoecem e mostram sinais da doença. Em vacas gestantes, por exemplo, a ocorrência de abortos é frequente.
Além disso, a perda de peso é um grande problema para os negócios, já que inviabiliza a venda para o abate e também a produção de leite. Sendo assim, não é exagero concluir que essa grave enfermidade prejudica os resultados de diferentes formas. Tenha em mente que um rebanho infectado significa perdas de até 25% na produção, prejudicando também a compra e a venda de animais vivos.
Veja, no próximo tópico, como atuar de forma preventiva para não sofrer essas consequências negativas!
Como trabalhar na prevenção da febre aftosa?
Antes de tudo, é fundamental lembrar que há um calendário específico de vacinas, elaborado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Fique de olho nas datas e nas campanhas de vacinação desenvolvidas pelo Governo Federal para saber quais são os procedimentos e prazos indicados para o seu estado.
Não se esqueça de também conferir o Mapa da Febre Aftosa, que é elaborado pela entidade a fim de identificar e analisar as regiões que mais sofrem com esse problema.
A compra da vacina deve acontecer somente em lojas registradas e elas devem ser armazenada em uma temperatura entre 2° C e 8° C. Por isso, para transportá-las, é necessário usar uma caixa térmica devidamente lacrada, na qual deve haver três partes de gelo para uma de vacina.
É recomendado fazer a vacinação na hora mais fresca do dia, mantendo a seringa e as vacinas na caixa térmica. As agulhas precisam ser novas, limpas e adequadas para aplicação, que é feita na tábua do pescoço do animal — pode ser no músculo ou embaixo da pele.
Ao notar que a doença já está presente em sua fazenda, é preciso isolar os animais doentes e sacrificá-los. Não se esqueça de eliminar eventuais fontes de infecção. Além disso, como se trata de uma uma doença de notificação obrigatória, você deve chamar um veterinário para comunicar a enfermidade à Secretaria da Agricultura responsável por sua região. Essa instituição acionará o Ministério da Agricultura para efetivar um procedimento de biossegurança.
Enfim, a febre aftosa é um perigo para os animais e uma ameaça para o produtor. Portanto, proteja suas criações e aja sempre de forma preventiva para evitar maiores complicações.
Se você gostou do texto e quer saber mais sobre como proteger seus animais, aproveite para conferir as melhores práticas de confinamento!