mestre de obras revolucionando
Belgo Arames
Publicado por: Belgo Arames
Construtechs: o que são e como estão revolucionando o mercado da construção civil?

Já ouviu falar das construtechs? A engenharia civil é cada vez mais desafiada a acompanhar o mercado conforme o avanço da tecnologia como modelo de negócio, e essas empresas trazem a inovação necessária para o setor. Entenda tudo sobre elas a partir de uma visão especializada na área.

As construtechs são startups que estão levando tecnologia, praticidade e produtividade para a construção civil. Enquanto o setor ainda demora a alcançar a transformação digital de outras áreas, as soluções tecnológicas podem se tornar a oportunidade perfeita para uma empresa impactar o mercado e se consolidar como uma referência.

Para entender melhor como essas empresas do futuro funcionam e seu impacto na área de construção, convidamos Rodrigo Carazolli, gerente geral de inovação e novos negócios da ArcelorMittal, para nos ajudar a entender tudo sobre o assunto. Confira!

Saiba o que são as construtechs: uma aliança entre construção civil e tecnologia

Com a popularização do acesso à tecnologia de alta performance, vimos nos últimos anos uma explosão de startups que começaram com boas ideias, vontade de mudar o mercado e um pensamento disruptivo.

A forma como essas empresas crescem e se consolidam rapidamente tem tudo a ver com o modo como operam: são empresas que focam em nichos e necessidades específicas de um público e entregam um serviço prático, eficiente e simplificador por meio de ferramentas tecnológicas.

A primeira área a se consolidar nesse sentido foi as fintechs, startups de serviços financeiros que facilitam o acesso das pessoas a um sistema bancário e de investimento sem toda a burocracia tradicional.

Mas, recentemente, outro tipo de empresa do futuro está surgindo: são as construtechs. O que elas prometem, como o próprio nome sugere, é trazer a tecnologia de vez para o lado da construção civil, ao facilitar processos, agilizar etapas, economizar para as construturas e simplificar o trabalho do engenheiro responsável.

A ideia é usar tecnologia como aliada na construção em todo o processo. É integrar e otimizar, como essas startups estão fazendo em todas as áreas, mas dessa vez voltada para uma área tão carente dessa inovação.

Em quais áreas as construtechs já estão atuando?

Quando falamos em uma ajuda para todas as etapas de construção, não é algo figurativo. Rodrigo aponta um estudo feito pelo Construtech Ventures que lista as diversas áreas que esse tipo de negócio já abrange hoje na construção civil:

  • aluguel, compra e venda de imóveis: desintermediação, anúncios digitais, tour virtual, permutas, gestão de clientes, soluções de crédito, vistoria imobiliária e qualificação de leads;
  • canteiro de obra: planejamento e controle, gestão de tarefas e vistoria, segurança do trabalho, previsão climática, elaboração de projetos e impressão 3D;
  • reformas e interiores: portais de prestadores de serviços e de materiais; projetos, orçamentos, reforma e decoração;
  • insumos e serviços: compra de materiais, portal de equipamentos;
  • prospecção de terrenos;
  • orçamentos;
  • gestão de estoques e materiais;
  • inteligência de mercado imobiliário;
  • compartilhamento de espaços;
  • investimento e crowdfunding;
  • comunicação e gestão de condomínios;
  • manutenção predial;
  • energia;
  • smart buildings.

Já são mais de 200 construtechs oferecendo essa gama de serviços no Brasil. É só dar uma lida rápida nessa lista para perceber os benefícios que essa nova onda de startups pode trazer para o seu trabalho.

Rodrigo exemplifica essas vantagens com duas empresas bem diferentes no seu foco de negócio, mas que se complementam na construção:

“Essas startups prometem desde a comunicação rápida, móvel e colaborativa durante a execução de projetos de construção civil, como a Construct, até o gerenciamento eficiente de resíduos de obras, como a Net Resíduos.”

Como as construtechs estão ajudando o mercado da construção civil?

Um dos maiores obstáculos da engenharia civil atualmente é a sua dificuldade de acompanhar o resto do mercado na concepção e aplicação de soluções tecnológicas em busca de eficiência.

Sobre isso, Rodrigo destaca uma pesquisa recente, publicada pela consultoria McKinsey, que mostra um deficit grande de capacidade produtiva na área e o seu crescimento inferior à media do setor industrial. Como ele próprio afirma, “trata-se de um setor de mão de obra intensiva e baixa produtividade”.

Se há um atraso no uso de tecnologia para a construção civil, a transformação capaz de causar o maior impacto deve vir exatamente dela.

O impacto da tecnologia no setor

Estamos apenas no início de uma nova era para a engenharia, mas já é possível ver algumas mudanças causadas por essas startups, principalmente a busca cada vez maior por introduzi-las em cadeias de produção maiores.

Rodrigo, que tem contato com muitas empresas que estão investindo em tecnologia, conta:

“As grandes empresas do setor têm apresentado vários cases de sucesso envolvendo construtechs. Muitas dessas estão, inclusive, montando hubs de inovação, incubadoras e estruturas de venture capital. Com isso, novas construtechs têm surgido a cada dia, e a qualidade também está aumentando.”

Esse investimento vem sendo dividido em duas ramificações principais.

  • De um lado, construtoras e outras empresas consolidadas na área estão buscando apoio dessas startups para incluir tecnologia nos seus processos — desde o planejamento, passando pelo canteiro de obra, até o gerenciamento pós-obra.
  • Por outro, muitos engenheiros estão encontrando na tecnologia a oportunidade de testar e implementar novas ideias disruptivas no mercado. Nesse caso, talvez com maior impacto na indústria, as próprias construtoras são fundadas como construtechs, com uma visão de inovação, sustentabilidade e eficiência produtiva. É o começo de uma nova era para o setor.

Tradicionalismo: o principal vilão das construtechs

Não dá para pensar no futuro preso ao passado. Nesse sentido, talvez o maior obstáculo da engenharia civil, área movida pela busca constante de inovação em novas técnicas e materiais, esteja na sua dificuldade de inovar como modelo de negócio.

Essa é uma questão mais de cultura do que um desafio da tecnologia, mas talvez seja a hora perfeita para sair na frente e se tornar uma referência de mercado no futuro.

Rodrigo sugere exatamente isso: “mudar essa cultura de uma hora para a outra não é tarefa fácil. Por outro lado, esse foi um dos setores que mais sofreu e ainda vem sofrendo com a crise desde 2014, e isso faz com que as construtoras estejam mais propensas a testar novas alternativas.”.

Ele termina dizendo que o importante para as construtechs é se apoiarem em três pilares: necessidade real de mercado, uma solução tecnicamente viável e um bom modelo de negócio, que empacote uma excelente ideia em uma startup rentável.

Seja buscando construtechs para aprimorar a produção da sua empresa, seja buscando você mesmo transformar uma boa ideia em um novo negócio, o que fica para engenheiros civis dessa conversa é que a tecnologia não vai demorar muito para se tornar fundamental no seu trabalho. Quanto mais rápido você assumir essa necessidade, mais vantagem ganha sobre a competição.

Gostou do artigo? Quer receber mais informações úteis como essas diretamente do seu e-mail? Assine agora a nossa newsletter!

guest

0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments

    Últimos artigos

    Skip to content