Close-up do processo de solda
Belgo Arames
Publicado por: Belgo Arames
Conheça os principais defeitos da soldagem MIG MAG e como evitá-los

Você sabia que nem toda descontinuidade na solda é considerada um defeito? Antes de falarmos do processo de soldagem MIG MAG propriamente dito, quais as suas descontinuidades e como lidar com cada uma delas, vamos entender melhor esses conceitos.

Defeito é quando uma falha no produto não atende os requisitos mínimos de aceitação do cliente e a peça precisa ser retrabalhada ou mesmo sucateada. Descontinuidade, por outro lado, é quando a solda possui uma pequena falha que não chega a ser rejeitada pelo cliente. Ela pode, então, ser aceita sem que prejudique a aplicação da peça.

Esses dois conceitos dependem diretamente das especificações do cliente, como desenhos e normas. Aqui, vamos tratar das descontinuidades do processo MIG MAG, ainda que elas sejam popularmente mais pesquisadas na internet a partir do termo “defeitos.”

Entre as principais descontinuidades, podemos citar trincas, porosidades, excesso de respingos, mordeduras, falta de fusão, falta de penetração e falhas dimensionais. Vale lembrar que, para identificar descontinuidades e resolvê-las, a inspeção de qualidade deve ser algo constante, a fim de garantir bons resultados na soldagem. Além disso, é importante buscar a melhoria contínua, justamente para aperfeiçoar procedimentos, técnicas e métodos de soldagem.

Dito isso, separamos algumas dicas sobre as principais descontinuidades da soldagem MIG MAG para você. Confira!

Trincas

As trincas são as descontinuidades planas mais graves que podem ocorrer na solda. Elas se apresentam em duas dimensões e geram concentração de tensão elevada nas suas extremidades. Existem diferentes tipos de trincas e cada um deles requer cuidados específicos. Entre as principais, podemos listar:

  • Trinca induzida pelo hidrogênio (ou trinca a frio);
  • Trinca de solidificação (ou trinca a quente);
  • Trinca em serviço (ou trinca de fadiga ou por esforços cíclicos);

Para cada trinca identificada na soldagem, diferentes medidas corretivas ou preventivas deverão ser tomadas. No caso das trincas a frio, por exemplo, manter a alta temperatura do pré-aquecimento e interpasse, usar técnicas de alívio de tensões na peça e também usar consumíveis isentos de hidrogênio, são fundamentais para evitar que o problema ocorra. As trincas de solidificação, por sua vez, podem ser evitadas através de uma boa seleção dos materiais utilizados (metal base e consumíveis), da otimização da sequência de soldagem para reduzir deformações e da adequação do projeto da junta. Já para combater as trincas de fadiga, deve-se buscar um cordão com geometria suave, sem cantos vivos e com bom acabamento.

Porosidades

As porosidades também se manifestam de diferentes formas, como a porosidade vermicular, superficial, distribuída, agrupada e alinhada. Em geral, são bolhas de gás que resultam de uma série de reações químicas aprisionados durante a solidificação do cordão de solda. Estes gases podem ser resultantes da queima dos excessos óleo, graxa, água, tinha, óxidos, anti-respingo, que podem estar presentes na superfície da peça. Da mesma forma podem ocorrer por falha na proteção gasosa, seja por excesso ou insuficiência na vazão do gás, ou ainda por alguma ventilação local, entre outras razões. Por isso, medidas como limpeza da peça, vazão adequada de gás (medida no bocal) e instalação de barreiras contra a ventilação local estão entre as principais formas de evitar as porosidades. Eliminá-las é fundamental para garantir a resistência mecânica da solda, já que, com poros, a área da seção transversal da peça é reduzida e, portanto, se torna menos resistente.

Excesso de respingos

Os respingos apenas podem ser considerados descontinuidades aceitáveis no MIG MAG em alguns tipos de transferência metálica, sob determinadas condições e dentro de alguns limites. Do contrário, são considerados defeitos que precisam ser retrabalhados para que o cliente não rejeite a peça. Em alguns modos de transferência metálica, é possível eliminá-los completamente, mas, para isso, é preciso considerar investimentos em equipamentos, consumíveis (gás), treinamentos, etc.

Para minimizá-los, vale a pena seguir algumas dicas:

  • Use mistura de gás rica em argônio, monitorando a composição do gás para evitar variações;
  • Utilize, quando possível, a técnica operatória do cordão puxado (arco quente), pois respinga menos;
  • Invista em treinamentos e aprimore a sua habilidade de soldar em qualquer posição;
  • Garanta a boa qualidade e procedência do arame de solda, “com certificado de qualidade”;
  • Atente para a manutenção da máquina, principalmente do sistema alimentador;
  • Use acessórios em bom estado (tocha, bico, guia espiral, bocal, miolo freiador, roldanas, guia fio);
  • Ajuste os parâmetros: procure saber em que tipo de transferência metálica você está operando e fique longe da zona de transição. Lembre-se de que respingos são pequenos e normais na transferência por curto circuito, são grandes, e portanto devem ser evitados, na transferência globular. Na transferência Spray não há respingos.

Para reduzir o efeito visual dos respingos na solda, recomenda-se o uso de produto anti-respingo sobre a peça, o uso de máscaras (escudo contra respingos), adoção de posições de soldagem que garantam melhor resultado (respingos aderem mais à peça soldada na posição plana). Em alguns casos, pode ser necessário o retrabalho (retirada manual de respingos) como última opção para atender os requisitos de acabamento do cliente.

Mordeduras

As mordeduras acontecem quando o chanfro do metal base se funde muito próximo à borda do cordão, dificultando seu preenchimento. Dependendo do material e da aplicação, as mordeduras podem se tornar descontinuidades críticas, chegando a criar um entalhe na zona de ligação e concentrando tensões neste local, aumentando o risco de trincas.

Para evitar ou corrigir esse tipo de descontinuidade, o soldador deve verificar:

  • Os parâmetros corrente e tensão devem ser bem ajustados, pois a corrente, por ser a maior influenciadora da penetração, e a tensão, por determinar o comprimento do arco, são os grandes responsáveis pela ocorrência de mordeduras, na maioria das vezes.
  • A velocidade de soldagem, definida pelo soldador, bem como os movimentos de oscilação, devem ser suaves e constantes, para dar o preenchimento correto na junta, sem excesso e nem falta de metal de solda.
  • Devem ser usadas algumas técnicas operatórias como a correção do ângulo de deslocamento e ângulo de trabalho, direcionando o arame para o centro da junta,
  • É interessante que o soldador fique atento ao filtro de luz utilizado, cujo número deve ser revisado conforme a corrente utilizada e o vidro de proteção da máscara deve ser substituído periodicamente, facilitando a visibilidade.
  • Vale a pena, ainda, garantir boa iluminação no local de trabalho. Afinal, a boa acuidade visual é importante tanto para o soldador quanto para o inspetor visual da solda.

Falta de fusão

A falta de fusão é uma das descontinuidades de soldagem mais comuns e, portanto, mais fáceis de ser evitada. Sua causa costuma ser uma corrente de soldagem que é muito baixa, ou ainda uma velocidade de soldagem muito alta. Dessa forma, a penetração do cordão de solda fica menor do que a esperada. O ângulo negativo de soldagem (também chamado de arco frio) pode também provocar esse tipo de descontinuidade devido à sua baixa capacidade de penetração.

Para evitar a falta de fusão:

  • Ajuste a corrente e a tensão para trabalhar numa faixa de boa estabilidade do arco, pois cada bitola de arame tem uma faixa de melhor estabilidade. Consulte o fabricante do arame se necessário.
  • Mantenha o sistema alimentador de arame bem limpo, com roldanas adequadas e alinhadas, conduite desobstruído e bico de contato bem fixado e limpo.
  • Escolha arames de boa qualidade e procedência e evite os que apresentam dificuldade na alimentação.
  • Cuide bem da estabilidade do arco, pois arco instável é sinônimo de várias descontinuidades, como falta de fusão, falta de penetração, excesso de respingos, etc.

Falta de penetração

Uma penetração incompleta é caracterizada por um cordão de solda que não preenche o fundo do chanfro como deveria, não unindo a junta soldada de forma satisfatória.

Quanto à preparação do chanfro: Esse tipo de descontinuidade pode indicar falhas na preparação do chanfro como chanfro com pouco acesso à raiz, muito estreito, nariz muito grande ou abertura da raiz muito pequena.

Quanto à técnica operatória: A falta de penetração pode indicar velocidade de soldagem muito elevada.

Quanto aos parâmetros usados: Pode indicar o uso de corrente (amperagem) muito baixa ou tensão (voltagem) alta, deixando a base do arco muito aberta (algumas fontes possuem recurso para ajuste da base do arco isoladamente), com pouca potência de penetração.

Quanto às instalações: Pode indicar uso de polaridade errada.

Quanto à escolha de consumíveis: Pode indicar bitola do consumível muito elevada.

Você pode superar todas essas falhas ajustando a geometria da junta, reduzindo a velocidade do deslocamento, conferindo a polaridade correta e revisando os parâmetros (corrente e tensão de arco).

Outras técnicas:

  • Com acesso pelos dois lados da junta: Removendo a raiz pelo lado oposto da junta, usando o processo de goivagem e posterior soldagem.
  • Com acesso apenas por um lado da junta: Fazendo o uso de cobre junta quando da montagem da junta.
  • Para qualquer caso: Para o passe de raiz, uma solução é fazê-lo com o Processo TIG (apesar da baixa velocidade de soldagem), pois pode-se obter melhor controle da penetração.

Descontinuidades Dimensionais (ou falhas dimensionais)

As falhas dimensionais também podem estar entre as descontinuidades de soldagem mais expressivas. Isso porque elas colocam em risco a resistência mecânica da junta soldada, consequentemente a segurança da peça toda e a confiabilidade do produto. As principais descontinuidades dimensionais são mordeduras, excesso de convexidade, excesso de concavidade, sobreposição e cordão assimétrico.

Se um diâmetro ou uma espessura estiverem abaixo daquela especificada em projeto, isso certamente indicará risco de segurança da peça quando estiver em operação. Qualquer falha dimensional é grave, pois irá concentrar tensões em pontos específicos da peça, tornando-os alvos fáceis para trincas.

Conhecer os principais defeitos de soldagem, assim como suas causas e possíveis soluções, é imprescindível para tornar os seus processos mais eficientes, produtivos e menos onerosos. É claro que, em muitos casos, isso só vem com a qualificação e com a experiência da equipe. Por essa razão, se quiser garantir a melhor solda, você vai precisar investir em conhecimento e preparação para você e sua equipe.

Além disso, procure estabelecer algum tipo de monitoramento sobre as principais falhas que acontecem no seu local de trabalho. Avalie a reincidência de cada uma delas e descubra o que pode estar por trás dessa repetição de defeitos. Em alguns casos, pode estar relacionado à técnica utilizada, em outras situações à preparação da junta, aos equipamentos utilizados ou até mesmo ao fornecimento de um material de baixa qualidade. Para descobrir isso, você precisará revisar as especificações, exigir garantia da qualidade, assegurar que o produto recebido esteja cumprindo os requisitos exigidos, que a documentação esteja em ordem (certificados, normas, relatórios de inspeção, etc).

O dimensionamento dos equipamentos como fonte, tocha, cabos, sistema de refrigeração e bico de contato é extremamente importante para que não ocorram alterações no funcionamento de todo sistema. Lembre-se de verificar o Fator de Trabalho da tocha e da fonte de energia (máquina de solda), pois os equipamentos são sempre dimensionados para trabalharem até certos limites de temperaturas, alterando o seu comportamento se esse limite for superado.

A qualidade dos materiais e insumos utilizados (chapa, arame, gás) também pode impactar a qualidade da solda. Por isso, é importante contar com um fornecedor de confiança, que ofereça produtos de alta qualidade e credibilidade, como é o caso da Belgo, que tem a expertise necessária para atender às suas demandas.

Se você quer saber mais e estar em contato com um fornecedor que pode realmente oferecer arames de solda da mais alta qualidade, não perca mais tempo. Entre em contato com a Belgo, tire todas as suas dúvidas, conheça os nossos produtos e entenda de que forma nós podemos ajudar a tornar o seu negócio mais rentável, seguro e confiável!

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